sábado, 31 de dezembro de 2011

Alcoolista diz como consegue manter o vício

Desesperado, morador da Cantizani negocia bicicleta para comprar bebida

31/12/2012 - 18h09

SEM RUMO - Movido pelo consumo doentio, homem
faz bicos apenas para comprar álcool.
O alcoolismo é um dos problemas mais desafiadores do município. Quem está à mercê do vício se submete a todo tipo de situação para sustentar o consumo.

Um morador da Vila Cantizani – cujo nome não será divulgado –, foi visto ziguezagueando pela região central da cidade atrás de dinheiro. O flagrante ocorreu no início dessa semana.

E.R.S., de 43 anos, estava inquieto. Questionado sobre o que pretendia fazer, já que não tinha mais condições de comprar bebida alcoólica, o homem disse que iria vender a própria bicicleta.

A bicicleta foi comprada por R$ 80,00. Por conta dos fantasmas da abstinência, o morador tinha em mente vendê-la por menos da metade do valor.

Mesmo ciente de que já estava entorpecido, o homem não hesitou em levar o negócio adiante.

De qualquer forma, o que interessa são as circunstâncias que rodeiam a vida dessa pessoa. Imaginem uma vida desestruturada. Agora, multipliquem essa vida por três. Essa é a situação do homem com quem conversamos.

Nos últimos três anos, o morador vive nos bares atrás de bálsamos para suas dores sentimentais. Ele foi abandonado pela mulher. “Só penso nela, cara”, lamenta.

A frustração amorosa é o principal combustível desse homem. Mesmo sem saber como anda sua ex-companheira, ele não esconde o interesse em reaver o passado. O problema é que seu interesse é ameaçado diariamente pelo vício.

Quando não está bebendo, o morador faz biscates para conseguir algum troco. Quando está de folga, ele gasta a parca remuneração em bebida.

A rotina de Sísifo ilustra perfeitamente essa situação. Ao invés do rochedo, no entanto, o que vemos é a oferta desesperada da própria mão-de-obra para garantir pelo menos algumas doses de pinga por dia. “Tudo o que eu consigo em algumas semanas eu gasto em poucos minutos”, diz.

Além do álcool, maconha e cocaína fazem parte do cotidiano do homem. Segundo ele, o acesso a drogas ilícitas não é difícil.

Na manhã de ontem, 30, o morador foi visto dormindo na calçada da Praça Ataliba Leonel. A bicicleta ainda estava com ele.  

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