31/12/2012 - 18h09
SEM RUMO - Movido pelo consumo doentio, homem faz bicos apenas para comprar álcool. |
O alcoolismo é um dos problemas
mais desafiadores do município. Quem está à mercê do vício se submete a todo
tipo de situação para sustentar o consumo.
Um morador da Vila Cantizani –
cujo nome não será divulgado –, foi visto ziguezagueando pela região central da
cidade atrás de dinheiro. O flagrante ocorreu no início dessa semana.
E.R.S., de 43 anos, estava
inquieto. Questionado sobre o que pretendia fazer, já que não tinha mais
condições de comprar bebida alcoólica, o homem disse que iria vender a própria
bicicleta.
A bicicleta foi comprada por R$
80,00. Por conta dos fantasmas da abstinência, o morador tinha em mente
vendê-la por menos da metade do valor.
Mesmo ciente de que já estava
entorpecido, o homem não hesitou em levar o negócio adiante.
De qualquer forma, o que
interessa são as circunstâncias que rodeiam a vida dessa pessoa. Imaginem uma
vida desestruturada. Agora, multipliquem essa vida por três. Essa é a situação
do homem com quem conversamos.
Nos últimos três anos, o morador vive
nos bares atrás de bálsamos para suas dores sentimentais. Ele foi abandonado
pela mulher. “Só penso nela, cara”, lamenta.
A frustração amorosa é o
principal combustível desse homem. Mesmo sem saber como anda sua
ex-companheira, ele não esconde o interesse em reaver o passado. O problema é
que seu interesse é ameaçado diariamente pelo vício.
Quando não está bebendo, o
morador faz biscates para conseguir algum troco. Quando está de folga, ele
gasta a parca remuneração em bebida.
A rotina de Sísifo ilustra
perfeitamente essa situação. Ao invés do rochedo, no entanto, o que vemos é a
oferta desesperada da própria mão-de-obra para garantir pelo menos algumas
doses de pinga por dia. “Tudo o que eu consigo em algumas semanas eu gasto em
poucos minutos”, diz.
Além do álcool, maconha e cocaína
fazem parte do cotidiano do homem. Segundo ele, o acesso a drogas ilícitas não
é difícil.
Na manhã de ontem, 30, o morador
foi visto dormindo na calçada da Praça Ataliba Leonel. A bicicleta ainda estava
com ele.
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