segunda-feira, 11 de junho de 2012

Opinião

Nas entrelinhas da invasão

Crianças garantem a diversão do final de semana às custas de muitos riscos

11/06/12 – 16h50

De segunda à sexta, as crianças têm um compromisso com a escola. No final de semana, as crianças se dedicam – quando podem, é claro, já que alguns professores insistem em propor tarefas para a semana seguinte (sobre isso, o filósofo Mário Sergio Cortella tem argumentos interessantes) – a fazer coisas que o ambiente escolar não consegue oferecer. Uma delas é a escolha pelas brincadeiras O entretenimento é eleito sem aquela interferência metódica dos adultos.

Jogar futebol, por exemplo, é um dos passatempos mais preferidos. No meu bairro, as crianças ditam o próprio ritmo de jogo; improvisam e estabelecem regras apenas para garantir uma certa disciplina entre os participantes – tudo é calculado com base no bem-estar. A prática do esporte não é exigente, pois o que está em evidência é apenas a oportunidade, o encontro espontâneo com os amigos.

As crianças enfrentam dificuldades. Quando a rua se mostra insuficiente para atender as necessidades da prática esportiva, a diversão precisa se instalar num espaço mais apropriado. Onde, considerando que o único ambiente – a escola – está fechado? Enfrentar um portão de mais de dois metros de altura pode ser um mero detalhe nessa procura. E é justamente isso que as crianças fazem: elas pulam um grande portão para garantir a diversão do final de semana; muitas vezes, é o último momento daquela oportunidade que só acontecerá cinco dias depois. Em suma, a ocasião exige criatividade e ousadia, mesmo que isso custe alguns dissabores.

Uma solução para esse cenário já foi apresentada por militantes da causa esportiva na cidade de Piraju. Escolas fechadas aos sábados e domingos precisam ser vistas como um antídoto contra situações e comportamentos preocupantes. Abri-las, desde que mediante a supervisão de um adulto, pode contribuir ainda mais para a interação entre as crianças. E mais: o funcionamento do espaço público sempre em concordância com as necessidades do povo quebra a ideia de que esses ambientes devem ser invadidos sempre que houver algum impedimento.

Pais e mães deveriam se mobilizar. Em primeiro lugar, no sentido de primar pela segurança dos seus filhos. Em segundo, no sentido de estabelecer algum compromisso com as autoridades – inicialmente com a escola, através das reuniões de pais e mestres – para que os espaços sejam disponibilizados fora do período letivo.

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Diego dos Reis de Oliveira, repórter
  

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