quarta-feira, 15 de maio de 2013

OPINIÃO

Quem depende da imprensa para "se manter informado" precisa tomar alguns cuidados. Em Piraju, há um grande descompasso entre o que acontece de fato e aquilo que ganha publicidade. Um órgão de comunicação pode muito bem dizer que a polícia militar não registrou nenhuma ocorrência nas últimas 24 horas. Se essa divulgação for construída a partir de uma checagem responsável, a informação terá validade (o que é raro). No entanto, se a mesma informação estiver fundamentada numa simples ligação ao 190, será preciso lançar mão de algumas suspeitas e críticas. Nesse caso, a irresponsabilidade começa pela utilização de um telefone de emergência, destinado a receber ligações que fogem completamente dos interesses diários e pontuais da imprensa.

Em segundo lugar, não há nada que obrigue o atendente a relatar tudo o que eventualmente aconteceu. O meio de comunicação que publica notícias "apuradas" dessa forma presta um enorme desserviço à comunidade.

É por essas e outras que a população não pode atribuir cegamente à imprensa o único papel de transmissora dos fatos, sobretudo porque há, além de apurações deficientes (sedentárias), uma arbitrária seleção daquilo que pode se transformar em pauta. Nós não podemos basear nossa vivência societária em simples manchetes. Quem opta por essa dependência está fadado a receber apenas recortes da realidade.

Outro ponto negativo é a negligência em relação a si mesmo, já que, em alguns casos, a imprevisibilidade da vida deixa de ser uma constante na vida do sujeito. Tomemos como exemplo a situação dos moradores de Oran, cidade de uma obra de Albert Camus. No livro, as informações de uma agência de notícias são produzidas sem levar em conta a repercussão da peste na casa das pessoas. A consequência disso é óbvia: a dimensão do problema ganha publicidade apenas na medida em que sua ocorrência é captada pelo caderno de anotações dos repórteres.

Diego dos Reis
15 de maio de 2013

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