Em segundo lugar, não há nada que obrigue o atendente a relatar tudo o que eventualmente aconteceu. O meio de comunicação que publica notícias "apuradas" dessa forma presta um enorme desserviço à comunidade.
É por essas e outras que a população não pode atribuir cegamente à imprensa o único papel de transmissora dos fatos, sobretudo porque há, além de apurações deficientes (sedentárias), uma arbitrária seleção daquilo que pode se transformar em pauta. Nós não podemos basear nossa vivência societária em simples manchetes. Quem opta por essa dependência está fadado a receber apenas recortes da realidade.
Outro ponto negativo é a negligência em relação a si mesmo, já que, em alguns casos, a imprevisibilidade da vida deixa de ser uma constante na vida do sujeito. Tomemos como exemplo a situação dos moradores de Oran, cidade de uma obra de Albert Camus. No livro, as informações de uma agência de notícias são produzidas sem levar em conta a repercussão da peste na casa das pessoas. A consequência disso é óbvia: a dimensão do problema ganha publicidade apenas na medida em que sua ocorrência é captada pelo caderno de anotações dos repórteres.
Diego dos Reis
15 de maio de 2013
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