segunda-feira, 12 de maio de 2014

Denúncia coloque em xeque atendimento prestado na Casa Abrigo

Um dos pontos refere-se a alterações no quadro de funcionários

A rádio Eduvale FM teve acesso a uma denúncia anônima elaborada por pessoas insatisfeitas com a administração da Casa Abrigo, responsável pelo acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco social.

A denúncia aponta vários problemas que colocam em xeque a qualidade do serviço prestado no local, a começar pela acusação de que os responsáveis fazem de tudo para manter a casa sempre vazia, sem se importar com o bem-estar dos atendidos.

Nesta segunda-feira, 12, a assistente social Rosa Carbonari (à esq.) e a diretora do
Departamento de Ação Social, Erinete Dognani, prestaram os mesmos esclarecimentos
na Eduvale FM
FOTO: Expresso Piraju

No dia do recebimento dessas informações, a emissora conversou com a assistente social Maria de Lurdes Bernabé, que prontamente apresentou a versão do Departamento Municipal de Assistência Social (DEASO) a respeito das acusações.

Confira abaixo cada um dos pontos da acusação e a respectiva resposta da pasta.

DIREÇÃO DA CASA

Preocupada com as constantes alterações na direção da Casa Abrigo, a denúncia diz que, em função do convívio deficitário com familiares, os assistidos criam vínculos com os funcionários do local. “Desde o início da administração, a direção foi alterada três vezes”, afirma. Segundo a denúncia, “falta tato para lidar com as crianças de lá”.

Em resposta, a assistente diz que as alterações se devem ao cuidado tomado pelo DEASO para selecionar pessoas adequadas para trabalhar na casa. “O departamento tem tido uma preocupação de sempre ter pessoas qualificadas, preparadas e com perfil desejado para prestar serviço na Casa Abrigo”, explica.

A assistente conta que a prefeitura enfrentou problemas para regularizar a coordenadoria da casa. Num dos casos, a pessoa não apresentou perfil para trabalhar no local. Segundo Bernabé, “estamos buscando a perfeição”.

De acordo com informações, a atual diretora da casa é psicóloga Sarita Vecchia.

INTERNAÇÃO

Sobre o caso de uma menor de idade que teria sido internada numa clínica de reabilitação sem ser dependente química, a assistente disse desconhecer o caso, afirmando que “é pouco provável que isso tenha acontecido”. De acordo com a denúncia, os responsáveis “estão fazendo de tudo para esvaziar a casa e se livrarem das crianças a qualquer custo”.

Bernabé diz que, de certo modo, o departamento tem como premissa manter a casa com o menor número possível de crianças e jovens, uma vez que, quanto maior for o tempo de permanência no local, diminuem as chances do assistido retornar ao ambiente familiar. “A Casa Abrigo tem sim muita pressa de resolver os casos das crianças e adolescentes para que elas retornem para a família o mais depressa possível”, esclarece.

MÃE AOS 16

A denúncia traz ainda o caso de uma adolescente que 16 anos, mãe de duas crianças, que teria sido desabrigada para viver com o companheiro numa casa alugada. “Uma criança com dois filhos não tem condições de assumir marido, aluguel e criança de bebês”, afirma. 

Segundo a assistente, a saída da jovem da casa foi motivada por uma ordem judicial. “O juiz não aceitou o abrigamento [feito pelo Conselho Tutelar] e pediu para que nós desabrigássemos imediatamente”, conta. Bernabé informou que o pai das crianças, que é maior de idade, assumiu o compromisso de cuidar da adolescente e dos filhos.

LEI DO SILÊNCIO E FALTA DE AGASALHO

Por fim, a denúncia afirma que os assistidos estão proibidos de fazer qualquer tipo de barulho na casa. De acordo com as acusações, a “lei do silêncio” atingiu até mesmo as crianças que têm o costume de ouvir música.

A assistente disse também desconhecer a situação. Ela acredita que alguma regra imposta pelos funcionários tenha sido “mal interpretada”.

Outra irregularidade apontada na denúncia diz respeito à falta de agasalho para os assistidos. Segundo informações, não há qualquer tipo de trabalho voltado à aquisição de roupas e cobertores, principalmente para que as crianças e jovens consigam suportar o frio.

Bernabé refutou as acusações, alegando que recentemente uma loja da cidade fez uma grande doação de roupas para a casa. “A Casa Abrigo conta com roupas para suportar o inverno, o próximo verão e talvez o próximo inverno ainda”, afirma. Com relação aos cobertores, a assistente informou que as peças são substituídas uma vez por ano.

Em nota, o DEASO informa que não tem autonomia para retirar crianças da casa. Ações desse tipo só podem ser tomadas pelo Judiciário. 

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