quarta-feira, 1 de outubro de 2014

‘Ele efetuou o tiro porque acreditava que a vítima fosse efetuar algum disparo’, diz delegado

Depoimento foi prestado à Polícia Civil dez dias após o homicídio

O delegado Antonio Carlos Correa, responsável pelo inquérito que apura a morte de Luiz Eduardo Sella, 19, ouviu na manhã de ontem, 30, o autor do disparo que atingiu a vítima. Thiago Scaringe Poiato, 30, morador de São Paulo, se apresentou à Polícia Civil há exatos dez dias depois do crime.

Por ser aluno da Escola Superior de Soldados da Polícia Militar, situada em Pirituba (SP), o rapaz compareceu na delegacia sob escolta policial. Após prestar depoimento, ele retornou à capital, onde cumpre prisão administrativa dentro da unidade.

Antonio Carlos Correa (FOTO: Expresso Piraju)
De acordo com Correa, o acusado entregou a arma usada no homicídio, um revólver Taurus calibre 380, juntamente com 14 munições (a 15ª foi usada no dia do assassinato). Segundo o delegado, o rapaz comprovou possuir porte de arma. Ele também apresentou o registro do revólver. A arma será agora confrontada com o projétil que ficou alojado na cabeça da vítima.

Thiago relatou à polícia que, antes do disparo, estava andando de caiaque com o policial militar Vitor Luiz Saes, que também reside na capital. Os dois estavam no Rio Paranapanema quando foram informados que suas respectivas namoradas, que estavam às margens da represa, tinham sido assediadas por Luiz Eduardo e outros três indivíduos.

Para evitar transtornos ainda maiores, as mulheres decidiram sair do local. Segundo a versão de Thiago, a vítima e uma segunda pessoa, já identificada pela polícia, dificultaram a saída do grupo do Hotel Beira Rio. “Ao tentar sair com o veículo do estacionamento do hotel, ele teve a frente do veículo interceptada por dois daqueles dos quatro jovens, que começaram a andar morosamente defronte o veículo para impedir a saída, como se tivesse naquela condição de fazer provocações”, revela o delegado. Thiago e a namorada estavam no carro da frente, enquanto que Vitor estava logo atrás, acompanhado de outras quatro mulheres.

Antes do disparo, Thiago foi filmado pela câmera do hotel
(FOTO: Polícia Civil)
Questionado pela rádio Eduvale FM sobre o que motivou Thiago a fazer uso da arma, Correa disse que o aluno pensou que Luiz Eduardo estivesse armado. “Ele efetuou o tiro porque acreditava que a vítima fosse efetuar algum disparo. Ele acreditava que a vítima estaria portando também uma arma sob as vestes. Como, segundo ele, a vítima se voltou em direção a ele e colocou a mão na cintura, ele acreditou que a vítima estivesse armada e fosse sacar”, diz.

O disparo foi efetuado dentro do carro de Thiago, próximo ao rosto da namorada dele, que estava no banco da frente.

Sobre o fato de ter fugido logo depois do tiro, o aluno da PM informou que, até então, não sabia que a bala tinha acertado a vítima. “Ele disse que, apesar de ter efetuado esse disparo, acreditava que não havia atingido a vítima, porque ele observou pelo retrovisor que a vítima não havia caído ao solo, pelo menos naquele primeiro instante que ele imprimiu velocidade para sair do local”, relata o delegado.

Por ter abandonado o local do crime, o policial Vitor Saes poderá responder criminalmente por prevaricação e omissão de socorro. Até o momento, ele aguarda o desfecho das investigações em liberdade.

O inquérito deve ser concluído em até 60 dias. Nas próximas semanas, outras testemunhas serão ouvidas pela polícia.

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