quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Laiane diz que marido não tinha intenção de matar servente

Declaração da esposa se opõe à versão apresentada pelo comando da Polícia Militar

Mesmo abalada com a morte do esposo, a dona de casa Laiane Roberta Santos Moraes, 22, está empenhada em divulgar a sua versão sobre o caso. No último sábado, 15, o autônomo Renato Gonçalves Fernandes, 28, foi baleado após se desentender com o servente de pedreiro Wellington Patrick Cordeiro, 31.

Laiane Roberta Santos Moraes (FOTO: Expresso Piraju)
Segundo ela, Wellington provocou seu esposo ao se aproximar do local onde Renato costumava vender melancias e laranjas. “Ele passou resmungando e depois voltou querendo arrumar briga com Renato. Ele começou a falar que Renato estava encarando ele. O Renato falou que não conhecia ele e que não queria confusão. No que ele se afastou, Wellington deu um soco na cara dele”, diz.

De acordo com a dona de casa, Wellington não revidou o soco. “O rapaz se afastou um pouco e o Renato não deu bola porque ele não queria confusão. Quando ele virou de costas, o Wellington armou pra dar uma voadora nas costas dele. Foi onde eu gritei pro Renato virar. No que eu gritei, o Renato já virou com a faca”, conta.

Ao ver a faca, o servente saiu correndo. Segundo a esposa da vítima, Renato correu atrás de Wellington, que tropeçou a alguns metros do local da discussão. Logo em seguida, o autônomo desferiu socos e chutes no servente. Laiane diz que, se o esposo tivesse mesmo alguma intenção homicida, ele teria feito uso da faca quando agrediu o servente.

Ainda segundo a versão da esposa, Wellington se desvencilhou das agressões e procurou refúgio no quintal da casa do tenente da Polícia Militar. “Eu e um senhor seguramos o Renato. No que a gente segurou, o Wellington começou a provocar, falando que iria tacar vaso na cabeça dele. Aí esse morador [o tenente] saiu. Eu falei pra ele que já iria tirar o Renato pra trás”, relata.

Nesse momento, informa Laiane, ela conseguiu convencer o esposo a sair de perto da casa. A mulher ainda diz que tirou a faca das mãos de Renato. Como estava revoltado com as ofensas, o autônomo saiu correndo na direção de Wellington, que novamente procurou a residência do militar. “Quando ele [Renato] chegou no portão da grade, ele deu um pulo pra cima. Aí ele gritou: ‘Pelo amor de Deus não atira’. Na hora que ele gritou, ele deu um pulo e correu pra trás. Com medo do morador atirar, ele saiu correndo no muro já baleado.”

Laiane rebate a alegação de que Renato estava com a faca em punho ao ter se dirigido pela segunda vez até a casa do policial. A esposa alega que não largou a arma desde o momento em que conseguiu tirá-la das mãos de Renato.

Outra afirmação sustentada pela dona de casa diz respeito aos disparos que efetivamente atingiram o autônomo. Embora reconheça que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) não foi concluído, Laiane não acredita que apenas um tiro tenha matado seu esposo. Ela também questiona o fato de os tiros de advertência terem sido efetuados tão próximos da vítima. “Tiro de advertência é pra cima ou é no chão”, diz.

MANIFESTAÇÃO

Ontem, 19, familiares de Renato – todos residentes em Sorocaba, cidade natal da vítima – promoveram um protesto silencioso pelas ruas da cidade. Com camisetas e cartazes, os participantes exigiram que a justiça esclareça os fatos. A passeata terminou no local onde Renato foi baleado.

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