sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A pedido da prefeitura, Câmara facilita ocupação de cargos comissionados

Pré-requisitos de três pastas não sofreram alteração; mudanças serão publicadas

Por maioria de votos, a Câmara Municipal aprovou os Projetos de Lei nº 03/17 e 04/17, ambos de autoria do Executivo. As matérias versam sobre a estrutura administrativa e o quadro de pessoal da prefeitura, respectivamente. A deliberação ocorreu nesta sexta-feira, 6, em sessão extraordinária.

Vereadores durante discussão dos projetos (FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju)

A discussão começou ontem à noite, também em reunião extraordinária. Vale destacar que as duas sessões contaram com a presença de dezenas de cidadãos contrários à proposta.

Em função de dúvidas que surgiram após a constatação de pontos obscuros e divergentes nos projetos, a prefeitura achou por bem retirar as matérias. Depois de corrigidas, as proposituras foram novamente protocoladas na Casa.

Submetidos à votação, os projetos receberam oito votos favoráveis. Apenas os vereadores Antonio Carlos Correa (PMDB) e Leonardo Tonon (PSB) se manifestaram contrários às matérias.

Com o resultado da votação, o prefeito José Maria Costa (PPS) terá condições de publicar as leis e, num segundo momento, acomodar sua equipe administrativa nos cargos de primeiro e segundo escalões.

Desde segunda-feira, 2, os futuros assessores estão atuando voluntariamente nas funções para a quais foram designados. A expectativa do governo é nomear os comissionados na próxima semana.

As mudanças mais significativas (e polêmicas) referem-se ao fim da obrigatoriedade de experiência e ensino superior para ocupação de cargos comissionados. A nova redação, contudo, não abrange a função de diretor dos Departamentos de Ação Social, Educação e Saúde, cujos pré-requisitos continuam os mesmos da lei anterior.

Um dos projetos desaglutina o Turismo do Departamento de Indústria e Comércio. Agora, as duas pastas passam a ser autônomas. Os vereadores também aprovaram a criação do Departamento de Governo e Gestão, bem como a redefinição de alguns cargos de assessoria.

A mesma propositura cria cinco funções gratificadas de chefe do setor de recursos humanos, tesouraria, contadoria, merenda escolar, trânsito e fiscalização, manutenção e controle interno.

PREOCUPAÇÃO

Na tribuna, o vereador Antonio Carlos Correa apresentou os argumentos que nortearam sua votação, a começar pelo aspecto constitucional. No entendimento dele, os projetos ferem o princípio da impessoalidade previsto na Carta Magna, uma vez que procuram ajustar a legislação às pessoas que serão nomeadas pelo prefeito.


Na tribuna, o vereador Antonio Carlos Correa afirmou que os projetos desrespeitam
o princípio da impessoalidade (FOTO:Diego dos Reis/Expresso Piraju) 

O parlamentar considera que as intenções da prefeitura vão na contramão de uma recomendação expedida pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que orienta os municípios a nomearem pessoas com perfil e formação acadêmica para assumir cargos de confiança. O peemedebista classificou o conteúdo das matérias como “retrocesso qualitativo”.

Outro ponto sustentado pelo edil diz respeito à possível incapacidade financeira de honrar com o pagamento dos comissionados, uma vez que, na sessão anterior, a Casa aprovou reposição de 7,5% ao funcionalismo. Correa espera que os serviços públicos não sejam penalizados com eventuais contenções de despesas, a exemplo do que ocorreu no mandato passado.

DE OLHO

Mesmo não precisando se valer do voto de Minerva, o presidente da Câmara, Denilton Bergamini (PP), disse que, se precisasse, iria votar favorável aos projetos. Em entrevista à imprensa, ele afirmou que a administração precisa de um “voto de confiança”. Por outro lado, Bergamini deixou claro que acompanhará de perto a “produtividade” dos futuros assessores.

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