Comissão fará pente-fino nas duas
associações que comercializam material reciclável
Em entrevista concedida à imprensa, o
prefeito José Maria Costa (PPS) declarou ontem, 8, que alguns membros das
associações que exploram materiais recicláveis no município estão recebendo
somas exorbitantes com a venda do produto.
Prefeito cobra maior participação das associações na manutenção da coleta seletiva (FOTO: Diego dos Reis/Arquivo Expresso Piraju) |
“Eu não vou admitir que certas pessoas
recebam R$ 20, R$ 30 mil livre em cima das costas da prefeitura. Eu não admito
coisas que têm privilégio pessoal”, afirma. “Do jeito que está, está muito bom,
só que para duas pessoas.”
Embora não tenha citado o nome dos
supostos beneficiados, José Maria deixou claro que o problema está presente
tanto na Associação dos Catadores de Lixo Urbano de Piraju (ACLU) quanto na
Planeta Vivo. As duas recebem o material reciclável coletado pela prefeitura
através das embalagens vermelhas.
A coleta do produto é feita
integralmente pela prefeitura, assim como a entrega do material nos galpões
utilizados pelas associações.
Uma vez recebido e separado o material,
as associações comercializam o produto. O lucro, em tese, é rateado em partes
iguais entre todos os membros, sendo 22 da ACLU e 10 da Planeta Vivo. Cada
grupo organiza a venda de forma independente.
De acordo com o prefeito, o município
gasta R$ 300 mil por ano para manter o serviço. O cálculo abrange a compra das
sacolas, funcionários, veículos e combustível, além do aluguel de um dos
galpões. “Do jeito que está, está errado”, diz.
Somente as embalagens vermelhas geram um custo mensal de R$ 10 mil à prefeitura (FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju) |
Na semana passada, as associações
receberam um ultimato da prefeitura. A administração exigiu que a ACLU e
Planeta Vivo assumissem a compra das embalagens, sob pena da suspensão imediata
da coleta. Por mês, o município gasta R$ 10 mil com as sacolas.
Apesar dos esforços da prefeitura em
manter o assunto nos bastidores, adotando inclusive o princípio do “ninguém
fala a respeito”, a informação vazou, gerando uma repercussão negativa à
prefeitura pela forma precipitada como o tema foi tratado.
A administração chegou a anunciar extraoficialmente
que a coleta dessa semana seria feita sem a destinação de novas sacolas à
população.
Após a intervenção da Câmara Municipal,
sobretudo do presidente Denilton Bergamini (PP), a prefeitura recuou. Ontem,
uma comissão foi criada para estudar o assunto. Um dos objetivos do grupo é
entender o funcionamento das associações e os critérios usados na divisão dos
lucros. “A prefeitura quer ajudar, só que quer algum retorno de lá”, relata o
prefeito.
A comissão tem 60 dias para emitir
parecer sobre o assunto. Até lá, a coleta seletiva será mantida sem
interrupções.
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