terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Prefeito coloca em xeque divisão do lucro da ACLU e Planeta Vivo

Comissão fará pente-fino nas duas associações que comercializam material reciclável

Em entrevista concedida à imprensa, o prefeito José Maria Costa (PPS) declarou ontem, 8, que alguns membros das associações que exploram materiais recicláveis no município estão recebendo somas exorbitantes com a venda do produto.

Prefeito cobra maior participação das associações na manutenção da coleta seletiva
(FOTO: Diego dos Reis/Arquivo Expresso Piraju)

“Eu não vou admitir que certas pessoas recebam R$ 20, R$ 30 mil livre em cima das costas da prefeitura. Eu não admito coisas que têm privilégio pessoal”, afirma. “Do jeito que está, está muito bom, só que para duas pessoas.”

Embora não tenha citado o nome dos supostos beneficiados, José Maria deixou claro que o problema está presente tanto na Associação dos Catadores de Lixo Urbano de Piraju (ACLU) quanto na Planeta Vivo. As duas recebem o material reciclável coletado pela prefeitura através das embalagens vermelhas.

A coleta do produto é feita integralmente pela prefeitura, assim como a entrega do material nos galpões utilizados pelas associações.

Uma vez recebido e separado o material, as associações comercializam o produto. O lucro, em tese, é rateado em partes iguais entre todos os membros, sendo 22 da ACLU e 10 da Planeta Vivo. Cada grupo organiza a venda de forma independente.

De acordo com o prefeito, o município gasta R$ 300 mil por ano para manter o serviço. O cálculo abrange a compra das sacolas, funcionários, veículos e combustível, além do aluguel de um dos galpões. “Do jeito que está, está errado”, diz.

Somente as embalagens vermelhas geram um custo mensal de R$ 10 mil à prefeitura
(FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju)

Na semana passada, as associações receberam um ultimato da prefeitura. A administração exigiu que a ACLU e Planeta Vivo assumissem a compra das embalagens, sob pena da suspensão imediata da coleta. Por mês, o município gasta R$ 10 mil com as sacolas.

Apesar dos esforços da prefeitura em manter o assunto nos bastidores, adotando inclusive o princípio do “ninguém fala a respeito”, a informação vazou, gerando uma repercussão negativa à prefeitura pela forma precipitada como o tema foi tratado.

A administração chegou a anunciar extraoficialmente que a coleta dessa semana seria feita sem a destinação de novas sacolas à população.

Após a intervenção da Câmara Municipal, sobretudo do presidente Denilton Bergamini (PP), a prefeitura recuou. Ontem, uma comissão foi criada para estudar o assunto. Um dos objetivos do grupo é entender o funcionamento das associações e os critérios usados na divisão dos lucros. “A prefeitura quer ajudar, só que quer algum retorno de lá”, relata o prefeito.

A comissão tem 60 dias para emitir parecer sobre o assunto. Até lá, a coleta seletiva será mantida sem interrupções. 


Ontem, Denilton Bergamini se reuniu com membros das duas associações para discutir
o assunto. Ele defende a união dos grupos para que a coleta seletiva não fique ameaçada
(FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju)

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