A família de Wandercy Nascimento Júnior,
mais conhecido como Juninho, está revoltada com o Departamento Municipal de
Saúde de Piraju. Ontem, 19, o paciente foi transferido para a UNESP de Botucatu.
Reunião ocorrida ontem à tarde no gabinete do prefeito José Maria Costa definiu o encaminhamento de Juninho ao hospital de São José do Rio Preto (FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju) |
Ocorre que, diferentemente do que
esperavam os familiares de Juninho, o procedimento cirúrgico não foi realizado
de forma imediata, agravando ainda mais o quadro do paciente, que está acamado
desde o dia 10 desse mês, aguardando a colocação de uma prótese no joelho.
Além dessa frustração, a família do
paciente alega que a decisão quanto à transferência para Botucatu ficou
restrita ao departamento, já que havia, antes disso, a garantia de que Juninho
seria atendido em São José do Rio Preto, cujo atendimento foi confirmado
através da assessoria de um deputado federal com forte influência na área
médica.
Segundo a diretora de Saúde, Luciana
Bragança dos Santos, a escolha pela UNESP foi tomada em conjunto com a família
e com a equipe médica da Sociedade de Beneficência de Piraju. A decisão levou
em conta a distância e o pós-operatório, além da previsão da vaga na CROS (Central
de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde).
A responsável pela pasta informou que a
transferência ocorreu dentro da chamada “vaga zero”, expressão prevista na
Portaria n° 2.048/2005, do Ministério da Saúde. Esse tipo de vaga é oferecido
nos casos em que, independentemente da existência de leitos vagos, a
transferência do paciente deve ocorrer na “melhor hierarquia disponível em
termos de serviços de atenção de urgências”.
No caso da UNESP, segundo a diretora, a
transferência foi acordada por se tratar da primeira referência de alta complexidade
do município de Piraju.
Até o fechamento dessa matéria, Juninho
ainda não tinha sido submetido à cirurgia. A situação do paciente é extremamente
delicada, uma vez que ele já perdeu peso e apresenta manchas avermelhadas nas
costas pelo fato de estar muito tempo deitado.
Com 49 anos e inúmeras limitações por
conta da síndrome de Down, Juninho sofreu uma queda em sua residência, que fica
no Jardim das Figueiras. Ele fraturou o joelho esquerdo.
Juninho está desde a semana passada aguardando a cirurgia |
JUSTIÇA
Em decisão proferida na última quarta-feira,
18, o juiz de direito Fábio Augusto Paci Rocha deu prazo de dois dias horas para
que a prefeitura e o governo estadual ofereçam cirurgia ao paciente.
Na decisão, o juiz determina que o
paciente seja internado em caráter imediato “em hospital de referência
cadastrado junto ao SUS (Sistema Único de Saúde) ou, se necessário, em hospital
da rede privada”. O juiz estabelece multa diária de R$ 1 mil “a incidir a
partir do vencimento do prazo até o limite de R$ 20 mil”.
Segundo a
decisão, “o pedido se refere a tratamento indispensável para assegurar a vida e
a saúde” do paciente”. “Vale frisar que a determinação pelo Poder Judiciário do
fornecimento do medicamento ou cirurgia não afronta o princípio constitucional
da independência entre os poderes. Também, a ausência de previsão orçamentária
igualmente não afasta o dever dos entes públicos de proceder à reserva de
verbas públicas para o atendimento das demandas relativas à saúde da
população”, afirma o juiz.
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