domingo, 2 de setembro de 2018

Transferência da concessão do transporte circular completa um ano

Serviço continua sendo observado de perto por comissão formada a pedido do prefeito

Se tem uma concessão pública que deu o que falar nos últimos meses em Piraju, essa é, sem dúvida, a do transporte circular. Os problemas vieram à tona após a transferência do serviço da Viação Piraju para a Viação Riopardense, que anteontem completou um ano.


FOTO: Diego dos Reis/Arquivo Expresso Piraju

Segundo o diretor do Departamento Administrativo, Paulo Sara, o transporte começou a apresentar falhas a partir de fevereiro, isto é, seis meses após o prefeito José Maria Costa (PPS) autorizar a transferência. Atualmente, de acordo com ele, o serviço é considerado “regular” pela prefeitura.

Antes, porém, de destacarmos os principais fatos que marcaram os últimos meses, é importante lembrar que, às vésperas de iniciar a concessão, a Viação Riopardense foi recebida com entusiasmo pela população.

Um dos entusiastas foi o vereador Érico José Tavares (PSC), que, no dia 25 de agosto do ano passado, agradeceu o prefeito pela mudança de empresa. Ele também disse: “Esperamos que o transporte seja de qualidade e atenda os anseios da população”.

Na prática, a troca da empresa ficou no zero a zero. À época, passageiros relataram que a transferência limitou-se à descaracterização dos ônibus da Viação Piraju com as cores da nova concessionária.

Em abril, o assunto ensejou numa Comissão Processante, instaurada pela Câmara Municipal após denúncia formulada pelo advogado Glauco Montilha. Depois de três meses ouvindo testemunhas e coletando provas, a Casa decidiu, por maioria de votos, arquivar o caso, livrando o prefeito da cassação do mandato.

Montilha entrou com a denúncia por entender que o contrato com a antiga concessionária não permitia a transferência, e que o serviço deveria ser submetido a uma nova licitação. A prefeitura, por sua vez, conseguiu mostrar que o procedimento respeitou a legislação.

No mês passado, logo após o arquivamento da denúncia, a Viação Riopardense teve três coletivos apreendidos pela Polícia Militar. Os veículos apresentaram diversas irregularidades, assim como os condutores, que nem sequer tinham habilitação específica para a função.

Dias depois, um motorista da concessionária fez uso de um cassetete para intimidar um condutor na Avenida Dr. Domingos Teodoro Gallo. Detalhe: a ameaça ocorreu durante a prestação do serviço. Ele parou o ônibus no meio da via, desceu e foi tirar satisfação com o homem. A cena foi registrada por câmeras de segurança.

Em paralelo, o prefeito constituiu uma comissão para acompanhar de perto a concessão. Até o momento, duas reuniões já foram feitas. Na primeira, os membros sugeriram a designação de fiscais para acompanhar, de dentro das linhas, a qualidade da prestação do serviço. O trabalho dos fiscais ainda continua, porém agora de forma esporádica.

Isso se deve às medidas que foram tomadas pela empresa para estancar os problemas. Desde que a prefeitura anunciou, inclusive, que o transporte poderia ser licitado, a Viação Riopardense parece ter se movimentado para garantir o mínimo de qualidade para honrar com as exigências do contrato.

A propósito, o termo de compromisso assinado pela empresa no dia 31 de agosto de 2017 estabelece quatro “benfeitorias” para serem realizadas “no prazo máximo de 12 meses”.

Em recente resposta ao vereador Leonardo Tonon (PSB), a prefeitura informa que três delas – manter a frota com veículos seminovos, cumprir rigorosamente os horários pactuados e construir abrigo de ônibus na Praça Ataliba Leonel – foram cumpridas pela concessionária.

Já a quarta proposta, que trata da instalação da bilhetagem eletrônica, ainda não é uma realidade. Segundo a administração, a Viação Riopardense será notificada sobre o descumprimento. Informalmente, a prefeitura já sabe que a concessionária alega não dispor de recursos para oferecer esse serviço.

Na última reunião da comissão, ocorrida há dez dias, discutiu, entre outros assuntos, a necessidade de readequação de alguns pontos e trajetos “para melhor abranger e atender aos usuários, como por exemplo o trecho que facilitaria o acesso ao Centro de Convivência do Idoso (CCI)”. De acordo com Sara, esse estudo está sob os cuidados do Setor de Trânsito e Fiscalização.

Os membros da comissão sugeriram “estudos a respeito de uma futura concessão de uso dos pontos de ônibus, a fim de padronizar e melhor readequar os respectivos pontos de espera dos usuários”. Outra proposta apresentada consiste na venda das passagens em determinados pontos da cidade, de forma a livrar o motorista desse tipo de responsabilidade, dada a falta de cobrador nas linhas.

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