Diego dos
Reis
As redes sociais foram novamente usadas
pelo prefeito José Maria Costa (PPS) para divulgar informações convenientes à
administração sobre o canil municipal, construído por força de uma ordem
judicial.
Marcelo Vieira num dos trechos da gravação (FOTO: Facebook/arquivo pessoal) |
Ontem, 17, o chefe do CCZ (Centro de
Controle de Zoonoses), Marcelo Vieira, gravou um vídeo para mostrar que, aos
olhos da prefeitura, o abrigo está funcionando de forma regular. A filmagem
ficou a cargo do assessor do Departamento de Educação, Marcos Fernandes.
Inicialmente, Vieira afirma que todos
os cachorros estão saudáveis. A informação colide frontalmente com uma
declaração dada pelo prefeito ao jornal Piraju Regional News no final do ano
passado. Segundo Costa, “o canil é para cuidar de animais doentes”.
Na sequência, o vídeo apresenta um
corte inesperado. O responsável pelo CCZ volta dizendo as 22 baias construídas
pela prefeitura foram para atender os animais que, durante décadas, ficaram
abrigados numa chácara localizada na Avenida Dr. Simão, Vila Tibiriçá.
E novamente, o vídeo sofre um novo
corte. Dessa vez, a interrupção ocorre no exato momento em que o responsável
fala sobre uma baia que está desativada por conta de animais que morreram de
cinomose.
A filmagem é reestabelecida com Vieira
afirmando que intenciona aumentar o gatil para atender a demanda. Ele também
cita que, em função do tamanho do canil, “dá pra fazer muita coisa aqui dentro”.
O vídeo
termina com o chefe do CCZ agradecendo o prefeito e comentando, por força de
uma pergunta do assessor Marcos Fernandes, sua trajetória como funcionário
público.
Para a
APRAPI (Associação Protetora dos Animais de Piraju), responsável pela denúncia
que ensejou na construção do canil, a administração perdeu a oportunidade de
prestar esclarecimentos sobre o caso. A situação do abrigo é o principal item
da pauta do protesto que a entidade realizará em frente à prefeitura no dia 23
desse mês.
Segundo a
entidade, o vídeo traz alguns pontos que merecem ser destacados. O primeiro
deles diz respeito ao chefe do CCZ ter se prontificado a falar sobre o assunto,
uma vez que ele mesmo, em ofício enviado à entidade, afirma que o abrigado está
sob a responsabilidade do DEAMA (Departamento de Agricultura e Meio Ambiente).
Vale destacar que o CCZ pertence à Saúde.
De acordo
com a associação, os dois cortes existentes no vídeo dão margem a dúvidas,
sobretudo no caso da baia que abrigava animais vítimas de cinomose. Num outro
ofício enviado à APRAPI, o CCZ ignorou a pergunta se o órgão possui vacina para
as principais doenças que acometem cachorros.
Outro
aspecto do vídeo é ausência de qualquer tipo de comentário sobre a ampliação de
baias para atender os cachorros que estão abrigados de forma improvisada dentro
do próprio canil, posto que não há espaço para atender todos os animais. Conforme
mencionado acima, Vieira só cita a ampliação do gatil.
O vídeo é
omisso com relação ao relatório de inspeção emitido pela Vigilância Sanitária
no dia 19 de dezembro de 2018. No documento, o órgão afirma que o canil não
possui responsável técnico veterinário e controle dos animais com doença
infectocontagiosa, “favorecendo alto risco de disseminação de vários tipos de
doenças”.
Além disso,
a gravação ignora a instalação de câmeras de segurança no local, conforme foi
prometido pelo chefe do CCZ em setembro de 2017. Também não há qualquer
comentário sobre a disponibilidade dos animais para adoção, fato que vem
preocupando a APRAPI.
Segundo a
entidade, a prefeitura não demonstra interesse em divulgar os cachorros e gatos
que estão sob a responsabilidade do CCZ. Frise-se que, ao reformular o site
oficial do município, a administração atual excluiu um link que incentivava a
adoção de animais. Criada na gestão do ex-prefeito Francisco Rodrigues, o Chico
Pipoca, a ferramenta até hoje não foi reinserida na página.
CONFIRA O VÍDEO NA ÍNTEGRA
CONFIRA O VÍDEO NA ÍNTEGRA
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