O motorista Érico José Tavares, que
também atua como vereador na Câmara Municipal de Piraju, prestou depoimento à
comissão que foi instaurada para apurar uma reclamação protocolada na ouvidoria
do Departamento de Saúde.
Cezar Mercuri (FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju) |
Segundo a administração, no dia 14 de
fevereiro desse ano, o Setor de Transportes da Saúde recebeu uma ligação da central
de altas da UNESP de Boucatu, informando que uma paciente de Piraju estava
liberada, e que ela poderia retornar ao município sentada.
De acordo com a prefeitura, Tavares,
que já estava Botucatu transportando outros pacientes com um micro-ônibus,
recebeu uma mensagem via aplicativo do setor relatando que a moradora
encontrava-se numa determinada ala da unidade. O contato ocorreu às 11h, uma
hora antes do retorno do motorista a Piraju.
Por volta das 12h28, o motorista enviou
uma mensagem de áudio ao setor informando que retornou ao município sem a
paciente, uma vez que ligou “várias vezes no telefone informado e ninguém
atendeu”.
Segundo a administração, Tavares relatou
que o número repasso a ele estava errado. Já o Setor de Transportes alega que o
telefone foi apresentado pela própria UNESP.
Na citação encaminhada ao servidor pela
presidente da comissão, Marineide Tossi Borges, consta a informação de que, em
caso de alta médica, o protocolo a ser seguido consiste em dirigir-se até a
central de altas para retirada do paciente ou, mediante contato telefônico,
esperar o paciente caso este tenha condições de se locomover até o local de
embarque.
Erico José Tavares (FOTO: Diego dos Reis/Arquivo Expresso Piraju) |
Outro fato que depõe contra o motorista
diz respeito à repercussão do caso nas redes sociais. A reclamação aponta que
Tavares cometeu “falta grave” ao ter emitido comentários inverídicos sobre o
trabalho do Setor de Transportes.
De acordo com o advogado do servidor,
Cezar Mercuri, as acusações atribuídas ao seu cliente configuram “perseguição
política”, uma vez que o caso está sendo tratado de forma atípica pela
prefeitura. Segundo ele, o funcionário disse à comissão que, em outras
situações envolvendo reclamação de pacientes, a queixa foi esclarecida diretamente
no âmbito da ouvidoria.
Outro ponto alegado refere-se à
abertura imediata de processo administrativo, sem que o caso tenha passado
inicialmente pela fase da sindicância.
A defesa sustenta a tese de perseguição
por entender que o processo foi aberto dois dias após a Câmara ter instaurado –
a pedido de Tavares, agora na condição de vereador – a CPI do Circular, formada
para apurar supostas irregularidades na prestação de serviço por parte da
Viação Riopardense.
Mercury ainda alega que o prefeito José
Maria Costa (PPS), em entrevista a uma emissora de rádio ocorrida no dia 14 de
fevereiro, sugeriu que o funcionário iria sofrer “retaliação” por conta da CPI.
De acordo com o advogado, o diretor do
Departamento Administrativo, Paulo Sara, também intimidou seu cliente quando
perguntou a Tavares, que estava na Câmara, se ele já tinha recebido a “outra
intimaçãozinha”, e que ele deveria “descer lá no gabinete [do prefeito] para
fumar o cachimbo da paz”.
“Eu creio que esses assédios, propostas
e recados é simplesmente para tentar anular uma CPI para que anule um processo
administrativo. Eles estão misturando totalmente as situações”, afirma o Mercuri.
Sobre a paciente, o advogado informou
que, por não se tratar de uma pessoa acamada, cabe ao próprio passageiro ir até
um dos pontos de embarque e aguardar a chegada do transporte, conforme
estabelece o protocolo do Departamento de Saúde.
Mercuri disse que, por cerca de uma
hora, seu cliente percorreu todos os pontos da UNESP atrás da paciente. Segundo
ele, a moradora não foi encontrada sequer no telefone fornecido pelo
departamento. O advogado disse que, “na volta”, após desistência de um outro
paciente, Tavares conseguiu uma vaga para a reclamante, porém ela não foi encontrada. “Não houve desídia ou falta de
zelo por parte dele”, alega.
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