sexta-feira, 21 de junho de 2019

Resposta do hospital sobre morte de paciente desagrada vereador

SBP diz que está impossibilitada de prestar esclarecimentos sobre o caso

Na sessão dessa semana da Câmara Municipal, o vereador Érico José Tavares (PSC) recebeu resposta da Sociedade de Beneficência de Piraju sobre a morte da esteticista Carla Cristina Fonseca, 30.

Erico José Tavares na tribuna da Casa de Leis (FOTO: Diego dos Reis/Arquivo EP)

Assinado pelo diretor-presidente da SBP, Sergio da Fonte Sanches, o ofício diz que, devido a tramitação do caso na Polícia Civil, o hospital está impossibilitado de emitir qualquer manifestação sobre a paciente.

A resposta desagradou Tavares, que elaborou 11 questionamentos à SBP. A entidade sequer esclareceu se foi aberto algum procedimento interno para apurar as circunstâncias que ensejaram no falecimento da paciente.

Na tribuna, o vereador demonstrou revolta com as informações prestadas pela sociedade. “É uma vergonha como a direção do hospital trata a população de Piraju e esta Casa. Eles não respeitam esse Casa. Que palhaçada é essa?”, desabafa.

Ele ainda disse que irá reunir documentos para solicitar abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso e “e outros fatos envolvendo o hospital”.

Ontem, parlamentar foi até as redes sociais para dizer que, na próxima semana, irá entrar com pedido de formação de uma CEI (Comissão Especial de Investigação). Tavares não justificou a mudança do tipo de comissão.

A postagem foi motivada pela morte de Fernanda Braga, 37, moradora da Rua Cel. Nhonhô Braga, Centro. O irmão dela, Cesar Braga, acusa o hospital de negligência. Segundo ele, a SBP deu alta à paciente mesmo sabendo que ela tinha sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

CASO CARLA

No dia 15 de abril, a esteticista procurou o pronto-socorro por conta de fortes dores na barriga. Ela foi medicada e liberada no mesmo dia. No dia seguinte, Carla voltou à unidade de emergência relatando os mesmos sintomas. O pronto-socorro ofereceu o mesmo atendimento prestado anteriormente.


Carla Cristina Fonseca morava na Vila Bérgamo (FOTO: Facebook/Arquivo pessoal)

Horas mais tarde, a profissional passou por atendimento médico numa clínica particular da cidade de Piraju. O médico solicitou exames de ultrassom e de sangue e de urina. O primeiro não acusou nenhuma anormalidade. Já o segundo apontou infecção no sangue.

De acordo com a mãe de Carla, Célia Maria Marques da Fonseca, o médico foi questionado se o caso não poderia configurar apendicite. Em resposta, o profissional informou que o ultrassom não detectou nenhuma inflamação.

A esteticista, que já estava internada no hospital de Piraju, foi submetida à lavagem intestinal no dia 19 por conta de um quadro de prisão de ventre. O hospital constatou que a pressão dela estava muito baixa, e que ela ainda estava sentindo fortes dores. Segundo familiares, a paciente continuou sendo medicada com analgésicos.

Celia questionou o médico sobre qual exame poderia indicar um possível quadro de apendicite. O profissional informou que somente um exame de ressonância magnética proporcionaria uma leitura precisa da situação.

Ao ser informada que Piraju não dispõe desse tipo de equipamento, a família conseguiu o exame numa clínica particular de Avaré. A ressonância foi marcada para o dia 22. Carla, porém, não conseguiu fazer o exame, uma vez que ainda estava sentindo muita dor.

De imediato, a esteticista foi levada pela ambulância do município à Santa Casa de Avaré. Na unidade, a médica plantonista solicitou, a pedido do hospital de Piraju, que Carla fizesse exame de tomografia com a máxima urgência. 

“A tomografia acusou quadro grave de apendicite. Como o exame precisou ser analisado pelo médico de Piraju, que havia requerido o procedimento, nós fomos forçadas a retornar ao município. Ainda na segunda-feira foi constatado apendicite”, explica Celia.

Na sequência, Carla retornou a Avaré. A cirurgia foi realizada no dia 23. Segundo a família, o hospital verificou que a infecção tinha se alastrado para os órgãos vitais. Como o quadro estava muito grave, a paciente foi induzida ao coma. A esteticista ficou inconsciente até às 6h do dia 25, quando teve a morte confirmada pela unidade.

A família acusa o hospital de negligência por não ter detectado a infecção logo que a paciente deu entrada na unidade. “Como que uma pessoa morre de apendicite em pleno século XXI?”, questiona Mariana.

INQUÉRITO

A pedido do Ministério Público, a Polícia Civil de Piraju instaurou inquérito para apurar o caso. Segundo o delegado Alberto Bueno Correa Filho, responsável pelas investigações, a polícia já ouviu profissionais do hospital e solicitou documentos relacionados à paciente.


Sociedade de Beneficência de Piraju (FOTO: Diego dos Reis/Arquivo EP)

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