segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Vítima de abuso sexual rompe silêncio e denuncia o próprio pai

Mulher diz que crimes ocorriam sempre na ausência de pessoas na residência da família

A dona de casa Ana Cristina Batista dos Santos, 31, procurou a reportagem para relatar que, dos 8 aos 14 anos, foi abusada sexualmente pelo próprio pai, Antonio Batista dos Santos.

Ana Cristina mostra o boletim de ocorrência em que relata a denúncia contra o pai
FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju

Ana alega que trouxe o caso à tona por conta de um caso de depressão, ansiedade e síndrome do pânico, além de estresse pós-traumático. Desde maio desse ano, ela iniciou um tratamento com uma psicóloga e com uma psiquiatra em Assis, onde reside com o marido, Fábio Assmann.

A vítima relata que os abusos ocorriam quando ela estava sozinha na residência. “No começo, ele falava que era carinho de pai para filho. Depois, ele começou a ameaçar. Ele disse que, se alguém soubesse, minha mãe e meus irmãos seriam mortos enquanto dormissem”, diz.

A dona de casa afirma que o crime acontecia em qualquer parte da casa, porém sempre na ausência dos demais membros da família. De acordo com ela, o acusado costuma se masturbar na sua frente. Numa das vezes, relata Ana Cristina, uma colega de escola chegou a ser assediada pelo homem. O caso também ocorreu na casa da vítima.

Ana Cristina diz que sempre escondeu os abusos da família, principalmente da mãe, que só ficou sabendo do caso há cerca de três meses através do esposo da dona de casa. Ele relatou os problemas da mulher após Ana Cristina ter cometido três tentativas de suicídio.

Antonio Batista dos Santos
FOTO: Ana Cristina Batista dos Santos/Arquivo pessoal

Quando tinha 20 anos, Ana denunciou o pai à polícia por conta de um abuso cometido contra uma menina de 9 anos, que era vizinha da família. Segundo ela, o crime ocorreu quando a família morava na Vila Tibiriçá.

O caso resultou na prisão de Antonio. Ele cumpriu pena em regime fechado na penitenciária de Avaré, saindo depois de quatro anos por bom comportamento. A prisão fez com que a mãe de Ana se separasse do marido. De acordo com Ana, desde que ganhou liberdade, o acusado pelos crimes leva uma vida normal em Taguaí.

No dia 2 de setembro, ela procurou a Polícia Civil para registrar o caso. Ela espera que outras possíveis vítimas venham a público e procurem as autoridades.

Hoje, por conta dos problemas de saúde, Ana passa a maior parte do tempo trancada em casa. O único local que ela costuma frequentar é uma igreja católica localizada em Assis. Segundo ela, a religião tem sido decisiva para evitar novas recaídas. “Quando eu sinto que estou mal, eu oro”, diz.

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