segunda-feira, 30 de março de 2020

Prefeitura diz a comerciantes que irá manter quarentena

Período de interdição se estenderá até o dia 7 de abril

Em reunião ocorrida nesta segunda-feira, 30, a prefeitura de Piraju reafirmou o compromisso de manter o comércio fechado até o fim da quarentena. O encontro contou com a presença de cerca de 90 empresários.

FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju

A administração procurou justificar o alinhamento do município com o decreto do governador João Dória (PSDB) que estabelece a suspensão das atividades comerciais que não são consideradas essenciais à população. A quarentena se estenderá até o dia 7 de abril, com possibilidade de prorrogação.

O diretor clínico da Sociedade de Beneficência de Piraju, Reinaldo Barcalla, apresentou dados relevantes sobre os efeitos da quarentena, principalmente no pronto-socorro e nos postos de saúde. Segundo ele, as unidades registraram uma queda vertiginosa nos atendimentos.

Antes da quarentena, por exemplo, o pronto-socorro tinha uma rotina de aproximadamente 160 atendimentos por dia. Hoje, por conta das medidas de interdição, os atendimentos diários oscilam entre 50 e 60.

Barcalla disse que a diminuição é importante para não sobrecarregar a saúde e também para que o sistema tenha tempo para se estruturar caso o município enfrente um número de infectados de COVID-19 acima da capacidade de atendimento.

E essa preparação envolve também a capacitação dos profissionais de saúde, que ainda não têm conhecimento de todos os protocolos que cercam a doença.

“É preciso treinamento. Para treinar, é preciso de tempo. Para ter tempo, eu preciso de isolamento, distanciamento, pra que não venha tudo de uma vez. Se vier tudo de uma vez, nós vamos como se tivesse soltando bombas no meio da comunidade. Todo mundo correndo, batendo cabeça, dando trombada, um matando outro. Vai ser assim se isso não for feito de forma ordenada”, afirma.

O diretor informou que o hospital de Piraju conta com 70 leitos para adultos e apenas 3 respiradores em condições de uso. De acordo com ele, a estrutura é insuficiente para atender a população local e os municípios de Sarutaiá e Tejupá, que possuem convênio com o pronto-socorro.

Outro detalhe: o hospital não dispõe de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Por isso, a unidade espera que não haja necessidade de entubar paciente com coronavírus no próprio município. “Se isso acontecer, o caos já está estabelecido e vai morrer muita gente. Qual é a intenção de ter os respiradores? Tratar daquilo que não for COVID, mas que precise de respirador”, relata.

Ao expor a situação da pediatria, que conta apenas com 10 leitos, o médico disse que foi obrigado a isolar o setor por conta das dificuldades de diagnóstico de coronavírus em crianças. “Se eu tiver uma criança com síndrome gripal lá dentro e eu não isolá-la e se ela estiver com COVID, ela vai espalhar pra todo mundo”, explica.

Embora tenha demonstrado solidariedade aos comerciantes, Barcalla defendeu a manutenção da quarentena e das restrições que a medida impôs à sociedade e ao meio comercial.

O diretor finalizou sua fala dizendo que, por estarmos numa época de crise, todos estão dormindo pouco e com muitas incertezas. Contudo, todos devem trabalhar juntos para que os efeitos da pandemia sejam os menores possíveis.

No final, os comerciantes receberam a garantia, por parte da prefeitura, de que terão uma cadeira do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus.

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