Em reunião
ocorrida nesta segunda-feira, 30, a prefeitura de Piraju reafirmou o
compromisso de manter o comércio fechado até o fim da quarentena. O encontro
contou com a presença de cerca de 90 empresários.
FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju |
A administração
procurou justificar o alinhamento do município com o decreto do governador João
Dória (PSDB) que estabelece a suspensão das atividades comerciais que não são
consideradas essenciais à população. A quarentena se estenderá até o dia 7 de
abril, com possibilidade de prorrogação.
O diretor clínico
da Sociedade de Beneficência de Piraju, Reinaldo Barcalla, apresentou dados
relevantes sobre os efeitos da quarentena, principalmente no pronto-socorro e
nos postos de saúde. Segundo ele, as unidades registraram uma queda vertiginosa
nos atendimentos.
Antes da quarentena,
por exemplo, o pronto-socorro tinha uma rotina de aproximadamente 160 atendimentos
por dia. Hoje, por conta das medidas de interdição, os atendimentos diários
oscilam entre 50 e 60.
Barcalla disse que
a diminuição é importante para não sobrecarregar a saúde e também para que o
sistema tenha tempo para se estruturar caso o município enfrente um número de infectados
de COVID-19 acima da capacidade de atendimento.
E essa preparação
envolve também a capacitação dos profissionais de saúde, que ainda não têm
conhecimento de todos os protocolos que cercam a doença.
“É preciso treinamento.
Para treinar, é preciso de tempo. Para ter tempo, eu preciso de isolamento, distanciamento,
pra que não venha tudo de uma vez. Se vier tudo de uma vez, nós vamos como se
tivesse soltando bombas no meio da comunidade. Todo mundo correndo, batendo
cabeça, dando trombada, um matando outro. Vai ser assim se isso não for feito
de forma ordenada”, afirma.
O diretor informou
que o hospital de Piraju conta com 70 leitos para adultos e apenas 3
respiradores em condições de uso. De acordo com ele, a estrutura é insuficiente
para atender a população local e os municípios de Sarutaiá e Tejupá, que
possuem convênio com o pronto-socorro.
Outro detalhe: o
hospital não dispõe de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Por isso, a unidade
espera que não haja necessidade de entubar paciente com coronavírus no próprio
município. “Se isso acontecer, o caos já está estabelecido e vai morrer muita
gente. Qual é a intenção de ter os respiradores? Tratar daquilo que não for COVID,
mas que precise de respirador”, relata.
Ao expor a
situação da pediatria, que conta apenas com 10 leitos, o médico disse que foi
obrigado a isolar o setor por conta das dificuldades de diagnóstico de coronavírus
em crianças. “Se eu tiver uma criança com síndrome gripal lá dentro e eu não
isolá-la e se ela estiver com COVID, ela vai espalhar pra todo mundo”, explica.
Embora tenha
demonstrado solidariedade aos comerciantes, Barcalla defendeu a manutenção da
quarentena e das restrições que a medida impôs à sociedade e ao meio comercial.
O diretor
finalizou sua fala dizendo que, por estarmos numa época de crise, todos estão dormindo
pouco e com muitas incertezas. Contudo, todos devem trabalhar juntos para que
os efeitos da pandemia sejam os menores possíveis.
No final, os comerciantes
receberam a garantia, por parte da prefeitura, de que terão uma cadeira do
Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus.
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