Empresa admite existência de impactos provocados pela ampliação do vertedouro
DIEGO DOS
REIS
O Centro de Convenções sediou ontem, 12, a primeira reunião presencial da comissão que está acompanhando as obras de ampliação do vertedouro da Usina Paranapanema em Piraju.
Representante da ONG Teyquê-Pê questiona divulgação da obra FOTO: Diego dos Reis/EP |
Ao longo de aproximadamente quatro horas, representantes da Enel Green Power –empresa responsável pela usina – foram incisivamente sabatinados por representantes da sociedade civil e de grupos ligados à defesa do meio ambiente no município.
A reunião serviu para mostrar que, desde os primeiros passos do empreendimento, a EGP não agiu de forma transparente no sentido de mostrar à população todos os detalhes e impactos da obra, sobretudo na vista da queda d’água por conta do tamanho do vertedouro que está sendo instalado no local.
Sobre este ponto, aliás, a empresa caiu em contradição ao afirmar que os impactos são inevitáveis. “Em qualquer obra pode ter impacto”, afirma Maurício Vasconcelos, especialista em sustentabilidade e principal interlocutor da EGP na reunião.
No detalhe, um dos ângulos do vertedouro que está sendo construído na usina FOTO: Diego dos Reis/AEP |
Em 2017, a assessoria de imprensa da empresa enviou e-mail aos veículos de comunicação de Piraju para informar que “o projeto e estudos para adequação da barragem não trarão nenhum impacto para o entorno” (imagem abaixo).
IMAGEM: AEP |
Questionado pela reportagem sobre essa divergência de informação, a EGP procurou minimizar os impactos sobre a vista da cascata dizendo que o problema será contornado com o remanejamento do mirante.
Os representantes do empreendimento foram indagados se outras opções de vertedouro foram levadas em consideração para evitar que a paisagem ficasse prejudicada em razão do grande monumento de concreto armado que já pode ser visto no local.
Em resposta, a empresa informou que estudou outras formas de intervir na usina, porém a alternativa que está sendo executada é a que se mostrou mais “viável”. Também foi dito que o projeto não acarretará “grandes interferências” e transtornos à população.
Maurício Vasconcelos (ao centro) ficou encarregado de conduzir a reunião FOTO: Diego dos Reis/EP |
Diante da irreversibilidade da obra, alguns cidadãos reivindicaram algum tipo de compensação por parte da empresa e o compromisso de manter o último trecho de corredeira do Rio Paranapanema livre de qualquer intervenção que possa desfigurar as características naturais do local.
A empresa disse que está à disposição para analisar os pedidos, assim como a solicitação feita pelo atleta olímpico Pedro Henrique Gonçalves, o Pepe, que cobrou apoio financeiro para a canoagem do município. O canoísta deve se reunir com a EGP para formalizar a reivindicação.
De acordo com os representantes, mais da metade da obra já está concluída. A previsão é que o empreendimento fique pronto em abril de 2022. As demais intervenções, como as duas passarelas que serão construídas na ponte Eng. Nelson de Godoy, serão finalizadas em dezembro desse ano.
Conforme divulgado, a obra é uma exigência da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) prevista na Lei de Segurança de Barragens.
FOTO: Diego dos Reis/EP |
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