domingo, 8 de agosto de 2021

Prefeitura de Piraju ignora denúncia de moradora

Cidadã procurou o Ministério Público e a Polícia Civil para relatar o caso

DIEGO DOS REIS

A vendedora Vanessa Faria da Cunha, residente no Conjunto Augusto Morini, alega que seu filho, que tem 16 anos, sofreu discriminação na prefeitura de Piraju. Segundo ela, o menor foi vítima de preconceito no Setor de Recursos Humanos.

Vanessa durante entrevista concedida à rádio Eduvale
FOTO: Diego dos Reis/EP

O adolescente estava trabalhando como estagiário na Oficina de Artes, mantida pelo Departamento de Turismo no Centro de Exposições Pref. Cláudio Dardes (FECAPI). A contratação do menor foi feita através do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).

De acordo com Vanessa, o menor foi desligado da prefeitura menos de um mês após iniciar o estágio sob a justificativa de que o menor “demora para aprender as coisas”. Além de sofrer de artrite idiopática juvenil, o adolescente possui “sinais de deficiência intelectual leve”, conforme atestado em laudo neurológico.

A moradora disse à reportagem que foi até a prefeitura para questionar a forma como o estágio foi cancelado, uma vez que, segundo ela, seu filho ficou muito transtornado ao receber a notícia. Acompanhada de uma testemunha, a professora Denise de Oliveira, Vanessa procurou o Setor de RH para ter acesso aos detalhes da dispensa.

De acordo com a moradora, uma funcionária do setor disse que a cidadã tinha que “por na cabeça” que ela possui um “filho especial”, e que por isso o menor tinha que ficar sob os cuidados da mãe. Vanessa informou que ficou constrangida ao ouvir da boca da servidora que esta possui uma “filha normal”.

“Lá eu fui informada que ele foi dispensado por ser deficiente. Aí eu falei: Um estágio não é para aprender? Eles falaram que não tem tempo para estar ensinando quando tem dificuldade”, afirma. “Meu filho tem o direito a aprender e a se profissionalizar. O que tiraram dele é um absurdo. Estamos lutando por inclusão. O meu filho foi excluído por ser diferente.”

Assim que saiu do RH, Vanessa procurou um neurologista para saber se seu filho é inapto ao trabalho. A moradora disse que o profissional informou que o menor não somente tem condições como deve exercer alguma atividade.

Indignada com a situação, a mãe relatou o caso ao promotor Francisco Antonio Nieri Mattosinho e, na sequência, registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil. A denúncia também foi apresentada ao Movimento Mães Atentas (MMA).

A reportagem procurou a prefeitura no dia 28 do mês passado e, até o momento, a administração não demonstrou interesse em comentar o assunto. A prefeitura foi novamente procurada, porém ignorou o pedido de informações enviado através de e-mail à assessoria de imprensa.

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