segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Os excessos da cavalgada

A reportagem do blog testemunhou a indisposição do cavalo minutos antes
do início do evento; o animal conduziu a carroça com muitas dificuldades
FOTO: EP
O sol estava a pino quando cheguei na Rotatória João de Moraes para acompanhar a cavalgada. O forte calor, porém, não desanimou as centenas de participantes. Muitos recorreram à cerveja para resfriar o corpo. E os animais? Nenhuma gota sequer de água foi servida a eles.

Constatei a indisposição de alguns animais antes mesmo do início da cavalgada. Num dos casos, uma égua estava suada e ofegante. O responsável por ela, no entanto, estava empolgadíssimo, contando os segundos para o início do desfile. Também presenciei um animal sendo agredido por ter tentado comer um pouco de grama.

O que eu vi não deixa dúvida quanto à desigualdade entre homens e animais. Enquanto estes são explorados até a exaustão física, aqueles se divertem como se estivessem em cima de um carro alegórico em pleno carnaval. Até quando o lado desprezível da cavalgada continuará existindo?

A menção do carnaval permite outra analogia.

A beleza da cavalgada está concentrada nas primeiras apresentações, marcadas, a título de exemplo, por cavalos adestrados e animais excêntricos. O mesmo ocorre no carnaval: os carros alegóricos são os protagonistas da festa. Em ambas as situações, porém, o que vem depois do desfile geralmente não está em sintonia com a beleza do evento. Cientes disso, os extravagantes apostam suas fichas em qualquer tipo de comportamento para chamar atenção do público.

O que eu vi na cavalgada mostra muito bem isso. Um indivíduo alcoolizado deixou alguns moradores acuados na Av. Humberto Martignoni ao fazer uma demonstração com um chicote. Ao invés de ficar no meio da via, ele preferiu se aproximar da calçada, onde o público acompanhava o desfile. Por sorte, a tira de couro não atingiu ninguém.

Um dos participantes assustou moradores ao fazer uso de um chicote; ele demorou para
ouvir o apelo do público sobre os riscos que a prática poderia causar às pessoas
FOTO: EP
Outra demonstração de irresponsabilidade acarretou desconforto a um cavalo, obrigado a carregar uma carroça sonorizada. Como se não bastasse o peso do equipamento, somado à precariedade do veículo, o animal ainda teve que levar dois indivíduos. O animal já tinha dado sinais de cansaço antes mesmo do início da cavalgada, mas mesmo assim fez parte do desfile. Onde está a sensibilidade dessas pessoas?

Não acredito que seja saudável, principalmente às crianças, prestigiar um evento que conta, EM SUA MINORIA, com bêbados maltratando animais. Quando deixaremos de aplaudir homens tratando cavalos como se fossem objetos?! Será que o tempo se encarregou de normalizar esse tipo de relação exploratória?

Declaro aqui meu repúdio a qualquer atração que comprometa o bem-estar dos animais. É por essas e outras que, na condição de responsável pelo blog Expresso Piraju, abri mão de divulgar a Festa do Café de Piraju.

3 comentários:

HELIO CASANHO disse...

Todas as cavalgadas são iguais,muitos bêbados querendo se aparecer,deixando os animais exaustos,com fome e sede,pessoas com mais de 100 kg em cima de potros e cavalos magros e a turba enlouquecidas aplaudindo de pé.

Unknown disse...

DOU MEU TOTAL APOIO AO PROTESTO DO DONO BOLG.

Unknown disse...

para nos que fazemos provas cronometradas todos os exames exigidos por lei são rigorosamente cobrados e fiscalizados porem deveriam tbem regularizar as cavalgadas assim evitar excesso como esse.