A reportagem do blog testemunhou a indisposição do cavalo minutos antes do início do evento; o animal conduziu a carroça com muitas dificuldades FOTO: EP |
O sol estava
a pino quando cheguei na Rotatória João de Moraes para acompanhar a cavalgada. O forte calor, porém, não desanimou as centenas de participantes. Muitos
recorreram à cerveja para resfriar o corpo. E os animais? Nenhuma gota sequer
de água foi servida a eles.
Constatei a
indisposição de alguns animais antes mesmo do início da cavalgada. Num dos
casos, uma égua estava suada e ofegante. O responsável por ela, no entanto,
estava empolgadíssimo, contando os segundos para o início do desfile. Também
presenciei um animal sendo agredido por ter tentado comer um pouco de grama.
O que eu vi
não deixa dúvida quanto à desigualdade entre homens e animais. Enquanto estes
são explorados até a exaustão física, aqueles se divertem como se estivessem em
cima de um carro alegórico em pleno carnaval. Até quando o lado desprezível da
cavalgada continuará existindo?
A menção do
carnaval permite outra analogia.
A beleza da
cavalgada está concentrada nas primeiras apresentações, marcadas, a título de
exemplo, por cavalos adestrados e animais excêntricos. O mesmo ocorre no
carnaval: os carros alegóricos são os protagonistas da festa. Em ambas as
situações, porém, o que vem depois do desfile geralmente não está em sintonia
com a beleza do evento. Cientes disso, os extravagantes apostam suas fichas em
qualquer tipo de comportamento para chamar atenção do público.
O que eu vi
na cavalgada mostra muito bem isso. Um indivíduo alcoolizado deixou alguns
moradores acuados na Av. Humberto Martignoni ao fazer uma demonstração com um
chicote. Ao invés de ficar no meio da via, ele preferiu se aproximar da
calçada, onde o público acompanhava o desfile. Por sorte, a tira de couro não
atingiu ninguém.
Um dos participantes assustou moradores ao fazer uso de um chicote; ele demorou para ouvir o apelo do público sobre os riscos que a prática poderia causar às pessoas FOTO: EP |
Outra demonstração
de irresponsabilidade acarretou desconforto a um cavalo, obrigado a carregar
uma carroça sonorizada. Como se não bastasse o peso do equipamento, somado à
precariedade do veículo, o animal ainda teve que levar dois indivíduos. O
animal já tinha dado sinais de cansaço antes mesmo do início da cavalgada, mas
mesmo assim fez parte do desfile. Onde está a sensibilidade dessas pessoas?
Não acredito
que seja saudável, principalmente às crianças, prestigiar um evento que conta, EM SUA MINORIA, com bêbados maltratando
animais. Quando deixaremos de aplaudir homens tratando cavalos como se fossem
objetos?! Será que o tempo se encarregou de normalizar esse tipo de relação
exploratória?
Declaro aqui
meu repúdio a qualquer atração que comprometa o bem-estar dos animais. É por
essas e outras que, na condição de responsável pelo blog Expresso Piraju, abri mão
de divulgar a Festa do Café de Piraju.
3 comentários:
Todas as cavalgadas são iguais,muitos bêbados querendo se aparecer,deixando os animais exaustos,com fome e sede,pessoas com mais de 100 kg em cima de potros e cavalos magros e a turba enlouquecidas aplaudindo de pé.
DOU MEU TOTAL APOIO AO PROTESTO DO DONO BOLG.
para nos que fazemos provas cronometradas todos os exames exigidos por lei são rigorosamente cobrados e fiscalizados porem deveriam tbem regularizar as cavalgadas assim evitar excesso como esse.
Postar um comentário