Diego dos Reis de Oliveira, vegano
Sim,
infelizmente, pertencemos a um povo que consome bastante remédio. Somos
culturalmente hipocondríacos. Como se não bastasse a cultura da medicalização,
temos ainda o hábito de automedicação (e as consequências disso, como as
intoxicações, por exemplo).
Os "remédios" do médico norte-americano Garth Davis |
Tal cenário
denuncia não somente a enfermidade das pessoas, mas também a distância que separa
o indivíduo de uma outra cultura: a cultura da prevenção. Estamos longe disso.
Preferimos esbanjar vícios a ter que adotar hábitos que qualifiquem nossa vida.
E se algum incômodo bate a nossa porta, recorremos a uma das cerca de 80 mil
farmácias espalhadas pelo Brasil. Nosso país possui um número expressivo de
drogarias, contingente muito acima do preconizado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Preocupado
com esse cenário, o médico Garth Davis resolveu criar a Farmacy Stand, em
parceria com Rawfully Organic. O profissional atua no Mermorian Herman Medical
Center, hospital situado no Texas. Ciente de que a alimentação é a base para
evitar o aparecimento de doenças, Davis passou a distribuir, dentro do
hospital, frutas, legumes e verduras a seus pacientes. Vale destacar que todos
os produtos são orgânicos. De acordo com ele, a maioria dos remédios prescritos
poderia ser dispensada se o indivíduo adotasse uma alimentação saudável.
No Brasil, o
consumo de remédios acompanha o crescimento das farmácias. O mesmo não se pode
dizer a respeito do consumo de orgânicos. Embora seja um nicho que está sendo
explorado a passos lentos (alega-se que o crescimento é da ordem de 40% por
ano), o setor de alimentos produzidos sem agrotóxicos ainda é tímido. Dados do
Cadastro Nacional dos Produtores Orgânicos mostram que há 11 mil agricultores
no Brasil que resolveram apostar nesse segmento. Outros levantamentos
evidenciam que a consolidação do orgânico entre os brasileiros é um grande
desafio.
A
conscientização, porém, somada à oferta de informações, é uma arma estratégica
para reverter esse cenário. Prova disso é a última edição do Guia Alimentar
sobre Alimentação Saudável para a População Brasileira, confeccionado pelo
Ministério da Saúde. Um dos passos para uma vida sem doenças consiste
justamente em “fazer compras de alimentos em mercados, feiras livre e feiras de
produtores e outros locais que comercializam variedade de alimentos in natura ou minimamente processados.
Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. Sempre
que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de
preferência diretamente dos produtores”.
No município
de Piraju, em que pese a baixa comercialização de orgânicos – em breve, o
projeto “A Horta”, encabeçado por um grupo de cidadãos, poderá ganhar as ruas –
e o número significativo de farmácias, há várias opções de locais que vendem
frutas, legumes e verduras. Além das quitandas existentes tanto na região
central quanto na periferia, a cidade conta com três feiras livres ao longo da
semana.
Diante disso
tudo, não há como apresentar empecilhos para mudar os hábitos. Então, mãos à
obra! Abandone a bolacha recheada (e por tabela um eventual quadro de diabetes,
por exemplo) e procure saciar-se com um pé de couve ou espinafre. Se depender
dos supermercados e farmácias, a saúde – a verdadeira saúde! – nunca será
alcançada. Que a mudança comece agora, pois até o momento somente o mercado tem
ficado no lucro.
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