domingo, 5 de junho de 2016

Pela disseminação da Farmacy Stand!

Diego dos Reis de Oliveira, vegano

Sim, infelizmente, pertencemos a um povo que consome bastante remédio. Somos culturalmente hipocondríacos. Como se não bastasse a cultura da medicalização, temos ainda o hábito de automedicação (e as consequências disso, como as intoxicações, por exemplo).

Os "remédios" do médico norte-americano  Garth Davis

Tal cenário denuncia não somente a enfermidade das pessoas, mas também a distância que separa o indivíduo de uma outra cultura: a cultura da prevenção. Estamos longe disso. Preferimos esbanjar vícios a ter que adotar hábitos que qualifiquem nossa vida. E se algum incômodo bate a nossa porta, recorremos a uma das cerca de 80 mil farmácias espalhadas pelo Brasil. Nosso país possui um número expressivo de drogarias, contingente muito acima do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Preocupado com esse cenário, o médico Garth Davis resolveu criar a Farmacy Stand, em parceria com Rawfully Organic. O profissional atua no Mermorian Herman Medical Center, hospital situado no Texas. Ciente de que a alimentação é a base para evitar o aparecimento de doenças, Davis passou a distribuir, dentro do hospital, frutas, legumes e verduras a seus pacientes. Vale destacar que todos os produtos são orgânicos. De acordo com ele, a maioria dos remédios prescritos poderia ser dispensada se o indivíduo adotasse uma alimentação saudável.

No Brasil, o consumo de remédios acompanha o crescimento das farmácias. O mesmo não se pode dizer a respeito do consumo de orgânicos. Embora seja um nicho que está sendo explorado a passos lentos (alega-se que o crescimento é da ordem de 40% por ano), o setor de alimentos produzidos sem agrotóxicos ainda é tímido. Dados do Cadastro Nacional dos Produtores Orgânicos mostram que há 11 mil agricultores no Brasil que resolveram apostar nesse segmento. Outros levantamentos evidenciam que a consolidação do orgânico entre os brasileiros é um grande desafio.

A conscientização, porém, somada à oferta de informações, é uma arma estratégica para reverter esse cenário. Prova disso é a última edição do Guia Alimentar sobre Alimentação Saudável para a População Brasileira, confeccionado pelo Ministério da Saúde. Um dos passos para uma vida sem doenças consiste justamente em “fazer compras de alimentos em mercados, feiras livre e feiras de produtores e outros locais que comercializam variedade de alimentos in natura ou minimamente processados. Prefira legumes, verduras e frutas da estação e cultivados localmente. Sempre que possível, adquira alimentos orgânicos e de base agroecológica, de preferência diretamente dos produtores”.

No município de Piraju, em que pese a baixa comercialização de orgânicos – em breve, o projeto “A Horta”, encabeçado por um grupo de cidadãos, poderá ganhar as ruas – e o número significativo de farmácias, há várias opções de locais que vendem frutas, legumes e verduras. Além das quitandas existentes tanto na região central quanto na periferia, a cidade conta com três feiras livres ao longo da semana.

Diante disso tudo, não há como apresentar empecilhos para mudar os hábitos. Então, mãos à obra! Abandone a bolacha recheada (e por tabela um eventual quadro de diabetes, por exemplo) e procure saciar-se com um pé de couve ou espinafre. Se depender dos supermercados e farmácias, a saúde – a verdadeira saúde! – nunca será alcançada. Que a mudança comece agora, pois até o momento somente o mercado tem ficado no lucro. 

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