sexta-feira, 10 de março de 2017

Thiago Ferraz anuncia seu desligamento da APEI

Saída tem relação com os gastos que foram assumidos pela entidade sem a participação da prefeitura

A pouco mais de oito meses para concluir o mandato, Thiago Ferraz renunciou à presidência da Associação Pirajuense dos Estudantes Intermunicipais de Piraju (APEI). A informação foi divulgada ontem, 9, através de uma nota enviada à imprensa.

Thiago Ferraz questiona o cumprimento das promessas que foram feitas durante o ano eleitoral
(FOTO: Diego dos Reis de Oliveira/Expresso Piraju)

A decisão de Ferraz ocorre após o Ministério Público ter determinado a incorporação de 72 alunos que estavam na fila de espera. Motivada por uma denúncia, a exigência da Justiça foi comunicada na semana passada e cumprida na última segunda-feira, 6.

Conforme divulgado a adesão dos estudantes não foi acompanhada da majoração dos recursos destinados pela prefeitura à APEI, os quais cobrem menos da metade dos gastos com transporte. Por conta disso, a mensalidade sofreu um reajuste significativo. Em fevereiro, os associados pagaram R$ 250,00. Já o valor do boleto desse mês será de R$ 360,00.

O aumento atingiu em cheio o bolso dos alunos. Ariadny Maria Floriano dos Reis, 18, por exemplo, desistiu do curso de Jornalismo da Faculdade Eduvale de Avaré por não ter condições de custear as mensalidades da instituição e do o transporte. “Eu e muitos outros estudantes trabalhamos como estagiários e, como todos sabem, não ganhamos o suficiente para pagar a faculdade e um ônibus tão caro”, relata. Outros associados cogitam tomar a mesma atitude caso não consigam se ajustar à situação.

No comunicado, Ferraz afirma que a contratação dos veículos para atender a nova demanda de alunos “já está causando uma desestrutura e um aumento nos custos que podem não ser suportados pelos membros associados”, uma vez que não há “proporcionalidade na subvenção em relação a novas contratações de ônibus”.

Confira na íntegra a nota redigida pelo ex-presidente da APEI

“Queridos associados, em atenção e respeito a todos os integrantes desta respeitosa entidade, comunico, com pesar, minha renúncia do cargo de presidente desta associação. Conquanto não posso deixar de expressar minha insatisfação com alguns acontecimentos, deixando claros aos senhores os motivos da minha renúncia. Já é de conhecimento da maioria dos associados a grande luta que esta respeitosa entidade trava para obter recursos adequados e suficientes para cada associado, e este ano não foi diferente. Contudo, e posterior a um ano eleitoral, nossas esperanças foram renovadas com promessas de melhorias para o transporte universitário. Acontece que, infelizmente, essas promessas até então não foram concretizadas, e ao meu ver não serão. É justamente nesse ponto que reside o principal problema, posto que a administração deixou claro não possuir mais recursos para destinar ao transporte universitário. Sendo assim, eu, como representante desta associação tomei certas precauções para que não houvesse desestrutura entre o quadro de associado e novas contratações. Ora, se a própria prefeitura dispõe de limitações e discricionariedade, porque nós, como ente privado, não podemos gozar deste mesmo entendimento, lembrando que nosso texto constitucional traz essa previsão de autogerência. Pois bem. Com essa medida de cautela, alguns alunos ficaram de fora do quadro associativo, perquirindo os reais motivos dessa limitação de vagas junto à prefeitura e o Ministério Público. Para ser mais preciso, nossa lista de espera contava com 30 alunos para a cidade de Ourinhos, 30 para Avaré e 13 para Jacarezinho. Diante de todo alarde, somente efetuaram o cadastro junto à associação 15 para Avaré, 10 para Ourinhos e 10 para Jacarezinho. Além de tudo, vários apontamentos irreais, como por exemplo a associação estar atendendo mais de 50 alunos de outras cidades, posto que em nosso sistema possuímos apenas oito associados de cidades vizinhas. Toda essa coação, principalmente por parte da prefeitura, com ameaças de veto do repasse anual, fez com que eu não tivesse saída a não ser fazer novas contratações (não esqueçam das promessas), que consequentemente elevam os gastos da associação. Para que fique claro, o ideal para que houvesse novas contratações, e estas aconteceram como supramencionado, o número de alunos deve ser correspondente ao número de assentos no ônibus. Isso porque, como o objetivo dessa associação é a união dos esforços para o custeio do transporte, a contratação desenfreada causaria, e já está causando, uma desestrutura e um aumento nos custos que podem não ser suportados pelos membros associados. Ainda mais a sobrevivência e o valor social desta entidade não podem ser colocados em risco, assumindo débitos que não serão suportados. Diante do exposto, é nítida a disparidade econômica do Estado frente à esta entidade, que não há proporcionalidade na subvenção em relação a novas contratações de ônibus. Ademais, são claras as limitações do orçamento municipal. Quanto a isso, é compreensivo diante do quadro econômico do nosso. O que realmente incomoda esta entidade e seus associados é a falta de atenção nas consequências das limitações dos nossos recursos, que também são escassos. Portanto, a todos os interessados em nossa causa, peço que não se esqueçam de quem é a responsabilidade da educação nesse país e ao acesso a ela também, sendo o transporte fundamental. A educação e o acesso a ela vêm a cada ano sendo esquecidos por nossos governantes, e cabe ao cidadão cobrar não somente de uma associação que supre parte do problema social, mas sim, principalmente, dos que prometem e não cumprem com seu devido papel. Despeço-me e agradeço a todos que, de alguma forma, colaboraram comigo e com nossa respeitosa associação, que fielmente vem cumprindo sua parte de ente de colaboração.” 

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