Saída tem relação com os gastos que
foram assumidos pela entidade sem a participação da prefeitura
A pouco mais
de oito meses para concluir o mandato, Thiago Ferraz renunciou à presidência da
Associação Pirajuense dos Estudantes Intermunicipais de Piraju (APEI). A
informação foi divulgada ontem, 9, através de uma nota enviada à imprensa.
Thiago Ferraz questiona o cumprimento das promessas que foram feitas durante o ano eleitoral (FOTO: Diego dos Reis de Oliveira/Expresso Piraju) |
A decisão de
Ferraz ocorre após o Ministério Público ter determinado a incorporação de 72
alunos que estavam na fila de espera. Motivada por uma denúncia, a exigência da
Justiça foi comunicada na semana passada e cumprida na última segunda-feira, 6.
Conforme divulgado
a adesão dos estudantes não foi acompanhada da majoração dos recursos
destinados pela prefeitura à APEI, os quais cobrem menos da metade dos gastos
com transporte. Por conta disso, a mensalidade sofreu um reajuste significativo.
Em fevereiro, os associados pagaram R$ 250,00. Já o valor do boleto desse mês
será de R$ 360,00.
O aumento
atingiu em cheio o bolso dos alunos. Ariadny Maria Floriano dos Reis, 18, por
exemplo, desistiu do curso de Jornalismo da Faculdade Eduvale de Avaré por não
ter condições de custear as mensalidades da instituição e do o transporte. “Eu
e muitos outros estudantes trabalhamos como estagiários e, como todos sabem,
não ganhamos o suficiente para pagar a faculdade e um ônibus tão caro”, relata.
Outros associados cogitam tomar a mesma atitude caso não consigam se ajustar à
situação.
No
comunicado, Ferraz afirma que a contratação dos veículos para atender a nova
demanda de alunos “já está causando uma desestrutura e um aumento nos custos
que podem não ser suportados pelos membros associados”, uma vez que não há “proporcionalidade
na subvenção em relação a novas contratações de ônibus”.
Confira na íntegra a nota redigida
pelo ex-presidente da APEI
“Queridos
associados, em atenção e respeito a todos os integrantes desta respeitosa
entidade, comunico, com pesar, minha renúncia do cargo de presidente desta
associação. Conquanto não posso deixar de expressar minha insatisfação com
alguns acontecimentos, deixando claros aos senhores os motivos da minha
renúncia. Já é de conhecimento da maioria dos associados a grande luta que esta
respeitosa entidade trava para obter recursos adequados e suficientes para cada
associado, e este ano não foi diferente. Contudo, e posterior a um ano
eleitoral, nossas esperanças foram renovadas com promessas de melhorias para o
transporte universitário. Acontece que, infelizmente, essas promessas até então
não foram concretizadas, e ao meu ver não serão. É justamente nesse ponto que
reside o principal problema, posto que a administração deixou claro não possuir
mais recursos para destinar ao transporte universitário. Sendo assim, eu, como
representante desta associação tomei certas precauções para que não houvesse
desestrutura entre o quadro de associado e novas contratações. Ora, se a
própria prefeitura dispõe de limitações e discricionariedade, porque nós, como
ente privado, não podemos gozar deste mesmo entendimento, lembrando que nosso
texto constitucional traz essa previsão de autogerência. Pois bem. Com essa
medida de cautela, alguns alunos ficaram de fora do quadro associativo,
perquirindo os reais motivos dessa limitação de vagas junto à prefeitura e o
Ministério Público. Para ser mais preciso, nossa lista de espera contava com 30
alunos para a cidade de Ourinhos, 30 para Avaré e 13 para Jacarezinho. Diante
de todo alarde, somente efetuaram o cadastro junto à associação 15 para Avaré,
10 para Ourinhos e 10 para Jacarezinho. Além de tudo, vários apontamentos
irreais, como por exemplo a associação estar atendendo mais de 50 alunos de
outras cidades, posto que em nosso sistema possuímos apenas oito associados de
cidades vizinhas. Toda essa coação, principalmente por parte da prefeitura, com
ameaças de veto do repasse anual, fez com que eu não tivesse saída a não ser
fazer novas contratações (não esqueçam das promessas), que consequentemente
elevam os gastos da associação. Para que fique claro, o ideal para que houvesse
novas contratações, e estas aconteceram como supramencionado, o número de
alunos deve ser correspondente ao número de assentos no ônibus. Isso porque,
como o objetivo dessa associação é a união dos esforços para o custeio do
transporte, a contratação desenfreada causaria, e já está causando, uma
desestrutura e um aumento nos custos que podem não ser suportados pelos membros
associados. Ainda mais a sobrevivência e o valor social desta entidade não
podem ser colocados em risco, assumindo débitos que não serão suportados.
Diante do exposto, é nítida a disparidade econômica do Estado frente à esta
entidade, que não há proporcionalidade na subvenção em relação a novas
contratações de ônibus. Ademais, são claras as limitações do orçamento
municipal. Quanto a isso, é compreensivo diante do quadro econômico do nosso. O
que realmente incomoda esta entidade e seus associados é a falta de atenção nas
consequências das limitações dos nossos recursos, que também são escassos.
Portanto, a todos os interessados em nossa causa, peço que não se esqueçam de
quem é a responsabilidade da educação nesse país e ao acesso a ela também,
sendo o transporte fundamental. A educação e o acesso a ela vêm a cada ano
sendo esquecidos por nossos governantes, e cabe ao cidadão cobrar não somente
de uma associação que supre parte do problema social, mas sim, principalmente,
dos que prometem e não cumprem com seu devido papel. Despeço-me e agradeço a
todos que, de alguma forma, colaboraram comigo e com nossa respeitosa associação,
que fielmente vem cumprindo sua parte de ente de colaboração.”
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