quarta-feira, 25 de abril de 2018

Em coletiva, Amorim reafirma que foi pressionado pelo prefeito

Situação foi motivada pelo andamento da CP, que ameaça o mandato de José Maria

O vice-prefeito Fabiano Amorim (Solidariedade) concedeu entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 25, para comentar sua exoneração do cargo de diretor dos Departamentos de Esporte e de Turismo.


Fabiano Amorim durante coletiva (FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju)

Cerca de 20 pessoas participaram estiveram na coletiva, entre representantes da imprensa, correligionários e vereadores, além de Cláudio Rodrigues, o Pezão, que também foi desligado do governo a pedido do prefeito José Maria Costa (PPS).

Antes de ser sabatinado, Amorim reafirmou aquilo que já tinha dito ao Expresso Piraju na tarde de ontem. Segundo ele, a decisão de José Maria é resultado de uma condição imposta ao Solidariedade numa reunião ocorrida logo após o carnaval.

Amorim disse que, na condição de presidente da sigla, foi intimado pelo prefeito a fazer com que os vereadores do partido – João Luciano da Silva e José Carlos Nunes – a votarem pelo arquivamento da Comissão Processante que investigou denúncia de improbidade administrativa contra José Maria.

O vice-prefeito informou que a ameaça ficou condicionada à permanência de todos os membros do Solidariedade na atual administração. Amorim não concordou com a imposição, alegando que não iria interferir no andamento da comissão.

LIGAÇÃO

O ex-diretor classificou com uma “falta de respeito” o fato de a exoneração ter sido comunicada via telefone pelo diretor do Departamento Administrativo, Paulo Sara. Segundo ele, Sara nem sequer justificou a decisão. “A exoneração foi feita por uma pessoa que não tem a competência pra isso. Quem exonera é o prefeito. Isso me surpreendeu”, diz.

Amorim disse que, logo após o anúncio do desligamento, chegou a enviar mensagem ao prefeito solicitando uma reunião na sede do Turismo. Na coletiva, o vice-prefeito informou que propôs o encontro para que José Maria anunciasse pessoalmente a exoneração. No frigir dos ovos, o pedido não foi correspondido pelo chefe do Executivo.

ATUAÇÃO

O vice-prefeito relatou que, mesmo fora da administração, continuará sendo “solidário” à cidade. Ele exemplou sua disposição citando um ofício encaminhado ontem ao deputado federal Paulinho da Força (SD), através do qual solicita a destinação de R$ 1 milhão para obras de recapeamento asfáltico. “Eu vou continuar lutando por verbas para Piraju”, afirma.

SAÍDA

No dia 18 desse mês, Paulo Sara, que até então estava à frente do Solidariedade, anunciou seu desligamento do partido. Nas redes sociais, ele justificou sua decisão, alegando, em poucas palavras, que não estava concordando com o “rumo que o partido está trilhando em nosso município”.

Amorim foi questionado sobre isso. De acordo com ele, Sara deixou a sigla por uma questão de “conveniência”, uma vez que precisa da remuneração proveniente do cargo de diretor na prefeitura. “[A saída] não foi por questão de caráter e de ideologia partidária. Ele disse que iria sair do partido porque precisa do trabalho”, diz.

Segundo o vice-prefeito, a permanência de Sara na sigla ocorreu “até o momento em que ele vislumbrou qual seria o resultado dessa cassação do prefeito”.

Vale destacar que João Luciano da Silva, na condição de presidente da CP, considerou procedente a denúncia que pede a cassação do prefeito.

BOICOTES

Amorim usou a palavra “boicotes” para definir as atitudes do prefeito em relação às necessidades dos departamentos que, até ontem, estavam sob seus cuidados. De acordo com ele, uma série de eventos deixou de contar com “apoio” do governo. “Eu tinha de correr. Às vezes, a gente tinha que até se humilhar para pedir apoio à iniciativa privada”, desabafa.

O vice-prefeito informou que o comportamento do prefeito feriu um acordo que ele estabeleceu com o prefeito durante a campanha eleitoral.

Em 2016, Amorim abriu mão da candidatura ao cargo majoritário para apoiar José Maria Costa na condição de vice-prefeito. A decisão, porém, foi amarrada ao compromisso de que, uma vez eleito, José Maria não pouparia esforços para garantir o crescimento de Amorim dentro da prefeitura, de forma a preparar caminho para que o vice-prefeito pudesse disputar as próximas eleições municipais.

Segundo Amorim, outro termo do acordo estabelecia que o prefeito não iria concorrer à reeleição. O vice-prefeito relatou à imprensa que, “nos primeiros meses” da administração, José Maria já “mudou a conversa”.

GOVERNO PARALELO?

Avesso à ideia de ocupar um cargo de expectativa, Amorim anunciou que, se necessário, irá montar um “escritório” para “atender as pessoas que não são atendidas pela administração” (sic). “Não sei os meus pedidos vão ser atendidos pelo prefeito. Eu tenho que estar honrando com o meu cargo, exercendo as minhas atribuições”, finaliza.


FOTO: Diego dos Reis/Expresso Piraju

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