SBP diz que está impossibilitada de
prestar esclarecimentos sobre o caso
Na sessão dessa semana da Câmara Municipal, o
vereador Érico José Tavares (PSC) recebeu resposta da Sociedade de Beneficência
de Piraju sobre a morte da esteticista Carla Cristina Fonseca, 30.
|
Erico José Tavares na tribuna da Casa de Leis (FOTO: Diego dos Reis/Arquivo EP) |
Assinado pelo diretor-presidente da
SBP, Sergio da Fonte Sanches, o ofício diz que, devido a tramitação do caso na
Polícia Civil, o hospital está impossibilitado de emitir qualquer manifestação
sobre a paciente.
A resposta desagradou Tavares, que
elaborou 11 questionamentos à SBP. A entidade sequer esclareceu se foi aberto
algum procedimento interno para apurar as circunstâncias que ensejaram no
falecimento da paciente.
Na tribuna, o vereador demonstrou
revolta com as informações prestadas pela sociedade. “É uma vergonha como a
direção do hospital trata a população de Piraju e esta Casa. Eles não respeitam
esse Casa. Que palhaçada é essa?”, desabafa.
Ele ainda disse que irá reunir
documentos para solicitar abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) para investigar o caso e “e outros fatos envolvendo o hospital”.
Ontem, parlamentar foi até as redes
sociais para dizer que, na próxima semana, irá entrar com pedido de formação de
uma CEI (Comissão Especial de Investigação). Tavares não justificou a mudança
do tipo de comissão.
A postagem foi motivada pela morte de
Fernanda Braga, 37, moradora da Rua Cel. Nhonhô Braga, Centro. O irmão dela,
Cesar Braga, acusa o hospital de negligência. Segundo ele, a SBP deu alta à
paciente mesmo sabendo que ela tinha sofrido um AVC (Acidente Vascular
Cerebral).
CASO CARLA
No dia 15 de abril, a esteticista procurou
o pronto-socorro por conta de fortes dores na barriga. Ela foi medicada e
liberada no mesmo dia. No dia seguinte, Carla voltou à unidade de emergência relatando
os mesmos sintomas. O pronto-socorro ofereceu o mesmo atendimento prestado anteriormente.
|
Carla Cristina Fonseca morava na Vila Bérgamo (FOTO: Facebook/Arquivo pessoal) |
Horas mais tarde, a profissional passou
por atendimento médico numa clínica particular da cidade de Piraju. O médico
solicitou exames de ultrassom e de sangue e de urina. O primeiro não acusou
nenhuma anormalidade. Já o segundo apontou infecção no sangue.
De acordo com a mãe de Carla, Célia Maria
Marques da Fonseca, o médico foi questionado se o caso não poderia configurar
apendicite. Em resposta, o profissional informou que o ultrassom não detectou
nenhuma inflamação.
A esteticista, que já estava internada
no hospital de Piraju, foi submetida à lavagem intestinal no dia 19 por conta
de um quadro de prisão de ventre. O hospital constatou que a pressão dela
estava muito baixa, e que ela ainda estava sentindo fortes dores. Segundo
familiares, a paciente continuou sendo medicada com analgésicos.
Celia questionou o médico sobre qual
exame poderia indicar um possível quadro de apendicite. O profissional informou
que somente um exame de ressonância magnética proporcionaria uma leitura
precisa da situação.
Ao ser informada que Piraju não dispõe
desse tipo de equipamento, a família conseguiu o exame numa clínica particular
de Avaré. A ressonância foi marcada para o dia 22. Carla, porém, não conseguiu
fazer o exame, uma vez que ainda estava sentindo muita dor.
De imediato, a esteticista foi levada
pela ambulância do município à Santa Casa de Avaré. Na unidade, a médica
plantonista solicitou, a pedido do hospital de Piraju, que Carla fizesse exame
de tomografia com a máxima urgência.
“A tomografia acusou quadro grave de
apendicite. Como o exame precisou ser analisado pelo médico de Piraju, que
havia requerido o procedimento, nós fomos forçadas a retornar ao município.
Ainda na segunda-feira foi constatado apendicite”, explica Celia.
Na sequência, Carla retornou a Avaré. A
cirurgia foi realizada no dia 23. Segundo a família, o hospital verificou que a
infecção tinha se alastrado para os órgãos vitais. Como o quadro estava muito
grave, a paciente foi induzida ao coma. A esteticista ficou inconsciente até às
6h do dia 25, quando teve a morte confirmada pela unidade.
A família acusa o hospital de
negligência por não ter detectado a infecção logo que a paciente deu entrada na
unidade. “Como que uma pessoa morre de apendicite em pleno século XXI?”,
questiona Mariana.
INQUÉRITO
A pedido do Ministério Público, a
Polícia Civil de Piraju instaurou inquérito para apurar o caso. Segundo o
delegado Alberto Bueno Correa Filho, responsável pelas investigações, a polícia
já ouviu profissionais do hospital e solicitou documentos relacionados à
paciente.
|
Sociedade de Beneficência de Piraju (FOTO: Diego dos Reis/Arquivo EP) |