Em resposta, prefeitura diz que irá adotar medidas para evitar a circulação de pessoas
DIEGO DOS
REIS
A ocupação cada vez mais crescente das internações no hospital de Piraju acendeu a luz vermelha da direção da Sociedade de Beneficência. Atualmente, os 11 leitos para Covid-19 estão ocupados e outros seis precisaram ser improvisados para atender a demanda.
Yaeko Kawata e Reinaldo Barcala: preocupação com a capacidade de atendimento do hospital de Piraju FOTOS: DESAU/Arquivo EP |
De acordo com a unidade, quatro pacientes estão intubados e outros quatro aguardam resposta da CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) para serem transferidos para leitos de UTI.
O diretor clínico do hospital, Reinaldo Barcala, defende a execução de medidas rígidas para conter o avanço da doença. “Se eu tivesse a caneta na mão, eu fecharia tudo, absolutamente tudo. A única coisa que eu aceitaria, com restrições, seriam as clínicas, farmácias, pronto-socorro e postos de saúde. Se possível, eu ainda intensificaria as fiscalizações e as punições”, afirma.
Segundo ele, “a situação está alarmante e não há perspectiva de melhora no curto prazo”. O profissional informou que a equipe médica está saturada e não há médicos para cuidar de novos pacientes. “Se nada for feito imediatamente, nós vamos ver muito mais pessoas morrendo do que estamos vendo hoje”, alerta.
A médica Yaeko Kawata, única responsável pela ala que cuida de pacientes com coronavírus no hospital, tem a mesma opinião. De acordo com ela, as restrições já deveriam ter sido adotadas pela prefeitura. Yaeko disse à reportagem que as ações devem ser as mais rígidas possíveis. A profissional classificou a situação como “caótica”.
Nas redes sociais, outro médico que atua no hospital também expressou sua opinião favorável a medidas mais severas. Carlos Alberto Benini escreveu que se o município não decretar lockdown, “a própria população deverá tomar a decisão de paralisar tudo e ficar em casa”. O profissional disse que o município vive um “colapso médico-sanitário”.
A oferta de oxigênio para os pacientes internados é outro ponto a ser observado. De acordo com o hospital, o estoque do produto foi renovado neste domingo por uma empresa particular. Em circunstância normais, o oxigênio disponível não geraria preocupação. Contudo, por conta da taxa atual de ocupação, o estoque deve durar alguns dias.
O diretor-presidente da SBP, Bruno Bragança Pedro, considera imprescindível que o município faça “um efetivo acompanhamento dos casos positivos”, de forma a evitar que os contaminados em isolamento domiciliar não contribuam para a proliferação do vírus, reduzindo assim a possibilidade de sobrecarga no pronto-socorro, principalmente de casos graves.
Ele ainda informou que, se o aumento de casos não for contido, o hospital não terá recursos humanos para atender a demanda. Nesta segunda-feira, a direção da unidade deve se reunir com a prefeitura para discutir o assunto.
O diretor do Departamento de Administração, Paulo Sara, foi procurado para comentar principalmente a reivindicação dos médicos. Segundo ele, a prefeitura “está atenta a essas questões”. “Serão tomadas algumas providências no sentido de restringir a circulação de pessoas”, afirma.
De acordo com o titular, alguma decisão já deve ser anunciada amanhã pela administração.
CASOS
O último boletim epidemiológico traz 230 casos ativos em Piraju. Deste total, 216 estão em isolamento domiciliar e 14 estão internados. Desde o início da pandemia, 57 pacientes morreram por causa da doença no município.
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