domingo, 29 de agosto de 2021

Reunião evidencia falta de entrosamento entre pastas da prefeitura

Veterinárias do CCZ afirmam que não há “parceria” com a Defesa Animal

DIEGO DOS REIS

Na última quarta-feira, 25, os diretores dos Departamentos de Saúde e de Agricultura, Meio Ambiente e Defesa Animal, Sergio da Fonte Sanches e João Antonio Galvão, respectivamente, foram sabatinados pelos vereadores de Piraju.

Convocados e convidados durante a fala da vereador Janaína Rueda (à esq.)
FOTO: Diego dos Reis/EP

Os titulares de cada uma das pastas foram convocados pela Casa de Leis para prestar esclarecimentos sobre o controle populacional de cães e gatos no município.

A convocação foi feita pela vereadora Janaína Riato Rueda (DEM). Também participaram da reunião – como convidados – o chefe do Centro de Controle de Zoonoses, Marcelo Vieira, e as veterinárias do órgão, Raquel Amorim e Samantha Garbelotti, além do assessor do Departamento de Defesa Animal, William Ribeiro.

Na reunião, Janaína afirmou que “hoje o controle populacional está totalmente descontrolado”, fato que, segundo ela, pode ser constatado nas ruas da cidade.

Ao falar sobre isso, a vereadora citou o “manejo rotativo” adotado pela prefeitura de Palmital. O protocolo consiste no recolhimento dos cachorros em situação de rua para fins de cadastro, chipagem e castração dos animais. Na sequência, os cachorros são devolvidos para seu local de origem.

De acordo com ela, os cachorros comunitários são mais passíveis de serem adotados do que aqueles que são mantidos no canil. Além disso, afirma a parlamentar, os animais recebem mais “afeto” nas vias públicas. Ela destacou que a prefeitura não tem condições de recolher toda a demanda do município.

Janaína não mencionou como funciona o protocolo em relação aos gatos, cujo descontrole populacional supera o da espécie canina em Piraju.

Em resposta, as veterinárias do CCZ informaram que várias situações estão prejudicando a castração no município. Uma delas é a demora para que os medicamentos sejam enviados ao órgão. Samantha usou a palavra “barreira” para se referir a esse ponto.

Há também os proprietários que deixam de levar seus animais no dia da cirurgia, impedindo que a vaga seja ocupada por outro da lista, justamente porque a falta não é comunicada com antecedência.

A vereadora sugeriu que os animais sejam levados ao CCZ no dia anterior à data da cirurgia, de forma a permitir que, em caso de desistência, o próximo da lista seja chamado, evitando assim interrupções no processo de agendamento. Até o dia 24 desse mês, mais de 300 cirurgias estavam programadas.

As veterinárias concordaram com a proposta. Entretanto, as profissionais informaram que não há como implantar esse protocolo porque todas as baias do CCZ estão ocupadas por animais saudáveis e aptos a ser adotados.

E foi justamente nesse ponto que os departamentos entraram em rota de colisão. As veterinárias relataram aos vereadores que não há “parceria” com a Defesa Animal. Até e-mails não respondidos foram citados para exemplificar a falta de entrosamento entre as pastas.

O problema maior, contudo, diz respeito à alegada resistência de William Ribeiro de não proporcionar rotatividade nas baias do CCZ. Segundo as veterinárias, a situação ameaça o programa de castração de animais no município e, ao mesmo tempo, conflita com o verdadeiro papel do órgão.

O conflito interno entre os departamentos causou surpresa aos vereadores. Na reunião, as pastas não chegaram a um acordo sobre como resolver esse impasse. Também não houve entendimento

Em meio a tudo isso, a vereadora Janaína apresentou aos participantes da reunião uma proposta de castração gratuita e descentralizada de 150 animais através do deputado estadual Rodrigo Gambale (PSL). As cirurgias estão programadas para ocorrer no final do ano.

A realização dos procedimentos está sendo costurada com a prefeitura, já que o município precisa garantir um suporte mínimo para viabilizar o atendimento.

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