segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Organizador de festival diz que sofreu ‘pressão’ para encerrar evento

Segundo ele, situação teve como objetivo atender a programação de uma peça teatral

DIEGO DOS REIS

Conhecido há anos por sediar grandes eventos, o Centro de Convenções de Piraju foi palco de uma situação completamente prejudicial para a imagem do município. O caso ocorreu na noite do último sábado, 13, e demandou até mesmo a intervenção da Polícia Militar.

FOTO: Diego dos Reis/EP

Conforme divulgado, o local foi reservado para dois eventos: o Festival de Dança Yaolodê Lattari e a peça teatral Enoch Arden. As atrações estavam marcadas para ocorrer das 14h30 às 18h30 e das 19h30 às 21h, respectivamente.

Ocorre que, faltando mais da metade das 170 coreografias previstas no cronograma, o festival foi encerrado por Lincoln Lattari, organizador do evento. Em conversa com a reportagem, o responsável informou que tomou a atitude por “pressão” do Departamento Municipal de Cultura em razão da peça que seria encenada logo na sequência.

A decisão gerou revolta nos dançarinos e familiares que estavam esperando para subir no palco do Centro de Convenções. Uma equipe da Polícia Militar foi acionada a pedido de alguns grupos que se inscreveram no festival.

“Um evento totalmente desorganizado. A pessoa que organizou já sabia do que poderia acontecer, ficou protelando e só nos informou no final. Ela cancelou metade do evento. Eu tinha 11 coreografias pagas que não foram apresentadas”, diz Silvia Prado, responsável por um centro artístico sediado em Vinhedo, e que levou 46 pessoas para o evento.

Nas redes sociais, inúmeras críticas foram publicadas a respeito do ocorrido. Em uma delas, o Departamento de Cultura foi colocado em xeque por ter marcado dois eventos no mesmo dia e local.

O responsável pelo festival também não foi poupado. “Lincoln Lattari agiu com total descaso, pois escolas e modalidades foram privilegiadas em detrimento de outras. As mesmas escolas se apresentaram várias vezes durante o dia, enquanto outras não tiveram oportunidade de nenhuma apresentação”, escreveu uma internauta de Ibitinga.

Abalado com a situação e convicto de que não tem nenhuma culpa pelo encerramento do festival, Lattari disse à reportagem que irá reembolsar os grupos que pagaram a inscrição e que não puderam se apresentar. Ele informou que não sabe como irá honrar com esse compromisso.

O Departamento de Cultura enviou uma nota sobre o assunto. Nela, a pasta informa que a organização dos dois eventos concordou com a realização das atrações no mesmo dia, e que o festival foi antecipado para às 13h30.

“Pressionado em razão do horário de término já extrapolado, o produtor de dança não teve outra alternativa senão cancelar o evento às 20h30. A peça teatral começou às 21h30 e terminou às 23h”, diz.

Segundo a prefeitura, o agendamento dos eventos para a mesma data foi, além de consentido entre as partes, uma forma de diminuir os custos do festival e prestigiar os artistas. Por fim, a nota traz a informação de que possui documentos e testemunhas para justificar todo o ocorrido.

O encerramento abrupto do festival comprometeu principalmente o aspecto competitivo do evento. Ao todo, 485 dançarinos oriundos de 21 municípios participaram da prova.

BAIXA NA CULTURA

Motivado pela situação, Leandro Fonseca divulgou ontem à noite em seu perfil pessoal no Facebook que deixou de atuar como assessor do Departamento de Cultura. “Agradeço quem esteve comigo este tempo todo! Estaremos juntos em eventos particulares, se Deus quiser. Foi um prazer”, escreveu.

Procurado para comentar o assunto, Fonseca disse que irá se manifestar sobre o caso a partir desta terça-feira, 16.

Um comentário:

Unknown disse...

Até entendo a atitude do diretor de cultura,em tentar se aproveitar de todas as oportunidades que lhe são oferecidas,pois não são comuns no período de pandemia que estamos atravessando.Mas vejam bem,vc não pode mensurar a duração de uma mostra de dança,pela quantidade de grupos que se inscrevem.Então o razoavel,seria dar prioridade ao espetáculo teatral e abrir mão do evento anterior,que ficaria para uma proxima ocasião.Outra coisa,CULTURA é para ser discutida dentro dos parâmetros de civilidade e racionalidade,então porque foi nescessário a presença da Polícia Militar para mediar o Caos????Mas a Vida ensina,então aprendam.