Participação
de quatro funcionárias em protesto motiva encontro no gabinete do Executivo
Uma discussão acalorada marcou a sessão de ontem, 16, da
Câmara Municipal de Piraju. O debate foi motivado por dois requerimentos
apresentados pelo vereador José Eduardo Pozza (PTB). Os dois ofícios versam
sobre o mesmo assunto: a suposta intimidação praticada pelo prefeito Jair César
Damato (PMDB) contra quatro funcionárias que participaram da manifestação
ocorrida na noite do dia 21 de junho.
Segundo informações, as servidoras foram chamadas para uma
reunião no gabinete do Executivo. A pedido de Jair, o encontro teve como
propósito questionar as manifestantes sobre dois cartazes que foram divulgados
no dia do protesto. Os cartazes continham as mensagens: “Abaixo às belas
gratificações à minoria. Aumento salarial para todos já” e “Corte nos
investimentos corruptos. Desculpas esfarrapadas não colam mais”.
Na justificativa dos dois requerimentos, Pozza alega que foi
procurado por “vários funcionários públicos, não necessariamente participantes
da reunião ocorrida no gabinete do prefeito”. O parlamentar diz que as
funcionárias foram ameaçadas pela administração. A intimidação teria chegado ao
ponto de a prefeitura sugerir a instauração de “procedimentos disciplinares”
contra elas.
Em entrevista à rádio Eduvale FM, o vereador diz que duas servidoras pediram exoneração do cargo após participar da reunião. “Pelo que eu
tenho conhecimento, duas funcionárias pediram demissão em decorrência de
intimação. É um absurdo”, conta.
O segundo requerimento questiona o papel do Sindicato dos
Servidores Públicos Municipais nessa história. Pozza quer saber se a entidade
tomou alguma providência em prol das funcionárias. “O sindicato tomou
conhecimento desse fato e, até onde sei, parece que não tomou nenhuma atitude”,
diz.
O vereador João Fernando José (PMDB) comentou as indagações
de Pozza na tribuna da Casa de Leis.
Ele disse que no dia 24 de junho se reuniu
com o prefeito para discutir a participação das funcionárias no protesto. O
encontrou aconteceu antes da reunião com as manifestantes. Na oportunidade,
eles discutiram principalmente a mensagem alusiva aos “investimentos
corruptos”.
Quando se reuniu com as servidoras, Jair pediu explicações
sobre os cartazes. Segundo João, elas disseram que as mensagens não foram
direcionadas à prefeitura de Piraju. O vereador disse que o encontro se baseou
na prerrogativa que “o patrão tem direito de exigir frente a seus subordinados”.
Durante a discussão dos requerimentos, o vereador Vinícius
Garcia (PV) afirmou que uma das funcionárias pediu demissão “porque foi
pressionada”. Segundo ele, o pedido levou em conta a possibilidade de a
servidora sofrer um processo administrativo. Como a funcionária passou num
concurso do Tribunal de Contas, a investigação certamente prejudicaria a
contratação dela na nova função. Garcia disse que a demissão foi motivada por
esse risco a que ela estaria sujeita.
O debate foi finalizado pela intervenção do autor dos
requerimentos. Pozza disse que o prefeito não tinha que ter feito a reunião com
as servidoras, pois elas não estavam protestando em horário de trabalho, muito
menos participando da manifestação como funcionárias públicas.
RESPOSTA
A reportagem do blog Expresso Piraju procurou o
presidente do sindicato, Silvano de Matos Pereira. Ele disse que só não tomou
alguma medida contra a prefeitura porque fora orientado pelas funcionárias a
manter o caso em sigilo.
Silvano disse que, em função da repercussão do assunto no
Legislativo, pretende conversar novamente com as servidoras. Se for de
interesse das manifestantes, a entidade ingressará na Justiça.
O blog também procurou o prefeito Jair Damato. Segundo o
assessor de imprensa da prefeitura, Marcos Fernandes, o prefeito está em São
Paulo.