Na Câmara, vereador Leonardo Tonon
disse que declaração fere a Constituição
O prefeito José Maria Costa (PPS)
aproveitou uma transmissão ao vivo nas redes sociais para alertar os cidadãos
que dependem da área da saúde. As declarações foram feitas na manhã do último
sábado, 18.
|
José Maria Costa durante live na Praça Arruda (FOTO: Facebook/Arquivo pessoal) |
Segundo ele, as pessoas que não
seguirem o “caminho certo” e que procurarem inicialmente “grupos políticos, de
politicagem” serão as últimas a serem atendidas pela prefeitura.
Embora o prefeito tenha usado a palavra
grupo no plural, o recado foi endereçado ao Piraju Tribuna Livre, grupo criado
em fevereiro de 2015 e que hoje conta com mais de 11 mil membros no Facebook.
Costa justificou o uso de tais “grupos”
apenas nos casos em que a prefeitura não apresentar uma solução para o problema
do munícipe. “Chegou em
algum lugar e não tem o medicamento que se tem lá o telefone... Liga lá. Se não
atender, coloca lá na Tribuna
[referência ao grupo Piraju Tribuna Livre]: não tem remédio em Piraju, tá faltando médico, tá faltando dentista, tá faltando
enfermeira, tá faltando tudo, mas
antes toma conhecimento da causa antes de colocar”, afirma.
A restrição
imposta pelo prefeito foi feita nos últimos minutos de um vídeo gravado na
Praça Arruda. A filmagem foi feita pelo radialista e assessor do Departamento
de Educação, Marcos Fernandes, e durou mais de 20 minutos.
As declarações
repercutiram na Câmara Municipal. Na tribuna, o vereador Leonardo Tonon (PSB) classificou
como “muito infeliz” a fala do prefeito. “Todo cidadão de Piraju tem seu
direito constitucional de ser atendido: quem reclama, quem não reclama, quem
posta em rede social, quem procura vereador, quem vai atrás do prefeito, todos
de forma igualitária. Eu, enquanto vereador aqui nesta Casa, irei defender a
justiça perante a população. Nós não podemos deixar que as pessoas se acovardem
com certas coisas em relação aos seus direitos, à busca de seus direitos”, diz.
Tonon
lembrou que, durante a campanha eleitoral, o prefeito recorreu ao PTL para
divulgar sua candidatura.
ANÁLISE
Desprovida
de embasamento legal, a condição estabelecida por José Maria Costa tem como
único objetivo enfraquecer o grupo em questão, que sempre dá espaço a problemas
que, nos canais oficiais do governo, são arbitrariamente ignorados.
Obcecado
pelo poder e avesso a qualquer tipo de crítica, o prefeito insiste em criar um
ambiente de absoluta vassalagem em relação à sua gestão, mesmo que isso custe
inventar regras para intimidar o cidadão e atacar grupos e veículos de
comunicação que não estão dispostos a dizer amém para a atual administração.
Vale
destacar que essa não é a primeira arbitrariedade do prefeito. O caso da
dentista Maria Estela Alves Martins é emblemático. A profissional foi demitida
sem nenhuma justificada do programa Estratégia Saúde da Família. Na Justiça,
ela ganhou o direito de ser reintegrada ao cargo, obrigando José Maria Costa a
engolir a seco sua própria declaração de que a dentista jamais retornaria às
suas funções.
Confira a transcrição da fala do
prefeito
“Aquelas pessoas
que vão antes de procurar a prefeitura, antes de reclamar na prefeitura numa
falta de remédio lá no Postão ou simplesmente ligar e colocar em grupo de
políticos, de politicagem, esses serão os últimos a serem atendidos. Serão os
últimos. Olha, eu estou avisando. Eu não estou proibindo ninguém porque eu não
sou nada para proibir e nem posso proibir, mas antes tome o caminho certo. Qual
é o caminho? Chegou em algum lugar e não tem o medicamento que se tem lá o
telefone... Liga lá. Se não atender, coloca lá na Tribuna: não tem remédio
em Piraju, tá faltando médico, tá faltando dentista, tá faltando enfermeira, tá faltando tudo, mas antes toma conhecimento
da causa antes de colocar. Porque aqueles que colocarem antes estiver lá o
nome, endereço, tudo o que for procurado, esses serão os últimos a serem
atendidos. Os últimos a serem atendidos, se forem atendidos, né?”